A caderneta de poupança teve uma retirada líquida de R$ 50,5 bilhões no primeiro semestre de 2022. Isso quer dizer que a quantidade de saques superou expressivamente as captações nos seis primeiros meses deste ano.
De acordo com o Banco Central (BC), que divulgou as informações nesta quinta-feira (7), os saques somaram R$ 1,808 trilhão no período. Enquanto isso, os depósitos na poupança chegaram a R$ 1,758 trilhão entre janeiro e junho.
A saber, essa saída líquida é recorde na série histórica do BC, que teve início em 1995. Em outras palavras, a entidade financeira nunca registrou tantos saques nos seis primeiros meses de um ano quanto em 2022.
Aliás, o maior nível de saída líquida havia sido observado em 2016, quando os saques superaram os depósitos em R$ 42,6 bilhões. No entanto, as retiradas deste ano ficaram bem superiores as de 2016. Fechando o top três fica o primeiro semestre de 2015, que registrou uma saída líquida de R$ 38,5 bilhões.
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Entenda a movimentação da poupança no semestre
De acordo com o BC, os saques líquidos da poupança nos primeiros meses do ano ocorrem devido ao aumento de despesas tradicionais, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Além disso, as famílias brasileiras também costumam gastar com matrícula e material escolar nos primeiros meses do ano. Isso sem contar com o pagamento de compras parceladas ou de viagens de férias no final do ano anterior. Tudo isso aumenta os saques da caderneta e, consequentemente, reduz os depósitos.
Veja abaixo os resultados de cada um dos seis primeiros meses de 2022:
- Janeiro: -R$ 19,7 bilhões;
- Fevereiro: -R$ 5,3 bilhões;
- Março: -R$ 15,4 bilhões;
- Abril: -R$ 9,9 bilhões;
- Maio: R$ 3,5 bilhões;
- Junho: -R$ 3,7 bilhões.
Em suma, apenas maio chegou ao fim com mais depósitos que saques. Contudo, as retiradas líquidas registradas nos demais meses fez o resultado semestral ficar negativo.
Também vale destacar que esses números podem refletir a inflação elevada no país. A saber, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, chegou a 11,73% nos últimos 12 meses encerrados em maio. Essa taxa supera em muito a meta da inflação para 2022, de 3,5%.
Por fim, uma inflação elevada pressiona o BC a aumentar a taxa básica de juro da economia, a Selic. Em síntese, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor. Assim, a economia fica desaquecida, uma vez que a demanda se enfraquece, e os preços dos bens e serviços acabam variando bem menos, ou seja, a inflação para de subir expressivamente.
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