No último domingo (2 de outubro), os eleitores brasileiros fizeram jus à democracia e votaram nos candidatos que tinham maior afinidade. Entre centenas de candidatos, Erika Hilton se tornou a primeira deputada federal transgênero do estado de São Paulo, a fim de lutar contra a transfobia, homofobia e defender bandeiras como a igualdade de gênero. Hilton foi vereadora na capital paulista desde 1º de janeiro de 2021 assumindo a presidência da Comissão de Direitos Humanos na Câmara Municipal.
Resultado para deputada federal
Erika Hilton, deputada estadual e a vereadora mais votada em 2020, foi a nona candidata a deputada federal mais votada do Estado de São Paulo, com 256.903 votos. Como resultado, tornou-se a primeira mulher trans eleita para a Câmara Municipal paulistana. A deputada tem lutado pela reforma sanitária e social em São Paulo nos últimos dois anos, mas este ano decidiu levar sua luta ao Congresso. Na noite de domingo, foi anunciado que ela havia conquistado sua vaga.
A autodenominada “Beyoncé da política brasileira”, de 29 anos e filiada ao partido de esquerda Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) contou que durante a sua campanha lidou com ameaças de morte. No entanto, apesar do medo e de ter que contratar guarda-costas para sua proteção, Erika afirma que quanto mais seus oponentes tentam silenciá-la, mais ele gritava, tornando sua voz reconhecida.
Em seu mandato, Erika Hilton buscará valorizar iniciativas culturais e lutar pela valorização das populações LGBTQIA+. Além disso, a deputada quer aumentar as discussões sobre todos os tipos de temas relacionados ao desenvolvimento, como educação, saúde, transporte e orçamento.
Violência com pessoas transgênero
O Brasil, o país mais mortífero do mundo para pessoas transgênero, possui um histórico na retórica e violência anti-LGBTQ+. Conforme o relatório de 2021 da Transgender Europe (TGEU), que monitora dados coletados por agências de transgênero e LGBTQIA+ em todo o mundo, 70% de todos os assassinatos registrados ocorreram na América do Sul e Central, com 33% no Brasil. Além disso, segundo os dados apresentados no relatório, as maiores vítimas são mulheres trans ou pessoas transfeminadas, que respondem por 96% dos assassinatos globais.
Apoio no congresso
Hilton será apoiada por outras políticas transgêneras no Congresso, como Duda Salabert, ligada ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), a primeira deputada federal transgênero de Minas Gerais. Salabert, de 40 anos, alcançou a terceira maior votação do estado, com mais de 208.208 votos. Com uma forte agenda ambiental, sua campanha não utilizou um único pedaço de papel, panfletos ou adesivos.
“Sou a 1ª trans eleita ao Congresso Nacional! A deputada federal mais votada da história de MG! Mesmo com ataques de setores da esquerda, ataques dos ciristas e das ameaças de morte da extrema-direita, ganhamos a eleição!”, celebrou Salabert.