Os trabalhadores brasileiros que recebem até um salário mínimo, R$ 1.100, perderam R$ 93 em poder de compra desde o início deste ano. A informação foi apurada com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), responsável por calcular a inflação oficial do país e que já acumula uma alta de 9,26% até novembro.
Na prática, esses números querem dizer que, para conseguir comprar os mesmos itens que eram adquiridos no mês em questão e pelo mesmo preço, seria necessário receber, pelo menos, R$ 1.201,90. Os dados foram apurados pelo IG junto à calculadora disponibilizada pelo próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ao analisar o acumulado dos últimos 12 meses que já chegou a 10,74%, nota-se uma distinção ainda maior. Em comparação ao mês de novembro de 2020, o trabalhador que ganha um salário mínimo perdeu R$ 166 em poder de compra. É crucial reforçar que o cálculo é feito com base no IPCA, medidor que avalia a variação do custo de vida para famílias com renda mensal entre um e 40 salários mínimos.
O levantamento é realizado pelo IBGE em grandes regiões do país, sobretudo em áreas urbanas. Por esta razão, o índice, ainda que não seja um cálculo oficial, pode ser sentido no bolso de boa parte dos trabalhadores brasileiros. Em contrapartida, para calcular o reajuste do salário mínimo, o Governo Federal utiliza como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), ou medidor oficial do IBGE.
O INPC mede a inflação e avalia os impactos na classe trabalhadora. Este medidor já acumula uma alta de 9,36% no ano e de 10,96% no acumulado de 12 meses. Supondo um cenário no qual essa porcentagem não seja alterada, o salário mínimo deveria chegar a R$ 1.202 no ano que vem.
Enquanto isso, nova projeção de salário mínimo para 2022 foi apresentada. A quantia que hoje é de R$ 1.100 poderá passar para R$ 1.200 no ano que vem. Se esta previsão se confirmar sem uma mudança no cálculo, haverá um aumento de R$ 31 com base na estimativa anterior apresentada na Lei Orçamentária Anual (LOA), que era de R$ 1.169.
De acordo com o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, a revisão foi feita com o propósito de validar as previsões para as contas públicas apresentadas pela nova equipe do ministério na última sexta-feira, 29.
Dados apresentados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) informam que o salário mínimo é a base para cerca de 50 milhões de trabalhadores brasileiros, além de 24 milhões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
De acordo com a Constituição, a correção do salário mínimo deve acontecer, ao menos, com base no INPC do ano anterior. Neste ano de 2021, o salário mínimo de R$ 1.100 não repôs a inflação de 2020, após a correção de 5,26% ser aplicada, mesmo que o percentual correto tenha sido de 5,45%.
Para que o salário mínimo de 2021 ficasse dentro dos eixos e não retirasse o poder de compra do trabalhador, era preciso que o piso nacional fosse reajustado para R$ 1.101,95. No mês de agosto deste ano, o ex-secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, informou que o saldo de R$ 2 seriam recompensados até o final deste ano, junto à correção do salário mínimo para 2022.
Um ponto impactante e que, com certeza, é levado em consideração na hora de reajustar o salário mínimo é que, a cada R$ 1 a mais no piso nacional, ocorre um aumento de R$ 355 milhões nas despesas públicas. Portanto, a nova revisão do índice inflacionário deve gerar um impacto na margem de R$ 11 bilhões no ano de 2022.