O mercado de trabalho brasileiro continua se recuperando dos impactos provocados pela pandemia da covid-19. No trimestre móvel de março a maio deste ano, a taxa de desemprego caiu para 9,8%, menor patamar desde janeiro de 2016.
Esses dados são positivos, mas o rendimento do trabalhador brasileiro não vem apresentando melhora. Pelo contrário, o salário dos profissionais segue uma trajetória de queda há meses. E isso aconteceu novamente em maio.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, o salário médio de contratação dos empregos de carteira assinada caiu 5,6% em um ano. Em resumo, o valor médio caiu de R$ 2.010 em maio do ano passado para R$ 1.898 em maio deste ano, após correção pela inflação.
A saber, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), pesquisado pelo IBGE, é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios. Em maio, o índice desacelerou, mas ainda acumula uma forte alta em 12 meses, de 11,90%. Em outras palavras, o custo de vida continua elevado no país, mas o salário está cada vez menor.
“Essa queda no salário de admissão já foi até pior. Mas isso não significa que o salário daqui a pouco vai começar a apresentar ganho. Provavelmente, não vai“, disse Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
“Quem está entrando no mercado de trabalho, está predominantemente aceitando um salário menor do que se pagava 12 meses atrás”, acrescentou Bentes.
Vale destacar que o valor médio de admissão observado em maio é o menor desde dezembro do ano passado (R$ 1.880).
Veja abaixo o salário médio de admissão entre os setores
Os dados do Caged também mostram os setores econômicos do país que apresentaram os maiores e menores salários médios de contratação em maio deste ano. Veja abaixo os menores valores de admissão, todos abaixo da média nacional:
- Serviços domésticos: R$ 1.343
- Alojamento e alimentação: R$ 1.494
- Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: R$ 1.645
- Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: R$ 1.767
Por outro lado, as cinco atividades com os salários médios de contratação mais elevados foram as seguintes:
- Indústrias extrativas: R$ 3.074
- Informação e comunicação: R$ 3.719
- Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionais: R$ 3.940
- Eletricidade e gás: R$ 3.944
- Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais: R$ 5.682
Por fim, os dados do Caged também mostraram que o salário médio real dos trabalhadores demitidos ficou em R$ 1.957 em maio. Esse valor superou em 3,15% o salário médio de contratação (R$ 1.898). Isso mostra que as empresas vêm demitindo profissionais com remunerações mais altas e contratando trabalhadores com salários mais baixos.
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