Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a salário médio dos brasileiros ainda não recuperou o patamar pré-pandemia, mesmo após três anos de seu início. No trimestre que se encerrou em fevereiro, o salário médio dos brasileiros ficou em R$2.853 e, para efeito de comparação, no mesmo período de 2020 o salário médio era de R$2.878. Os valores foram ajustados pela inflação.
Por outro lado, após cinco trimestres consecutivos de aumento, o salário médio dos brasileiros já está próximo de seu valor máximo, porém, de acordo com Rodolfo Morgato, economista da XP, não há espaço para que os salários aumentem de forma mais expressiva devido à desaceleração da economia brasileira e mundial.
A dificuldade na reposição salarial pode ser explicada por alguns fatores. Um deles é que os trabalhadores brasileiros aceitaram retornar para o mercado trabalho recebendo um salário mais baixo devido ao alto desemprego durante o período mais restritivo da pandemia, o que fez o salário médio cair. Um outro ponto é que a informalidade continua bastante alta, atualmente, 38,9% da população ocupada atual como trabalhador informal, o que representa 38,2 milhões de trabalhadores.
Segundo Rodolpho Tobler, economista da FGV, historicamente, o salário dos trabalhadores informais são mais baixos que o de trabalhadores formais. A melhora na renda dos trabalhadores em 2022 se deu muito por conta da queda da inflação e aumento do número de pessoas com carteira assinada. Segundo Lucas Assis, economista da Tendências Consultoria, a melhora salarial é um projeto a longo prazo.
“A diminuição do ritmo de crescimento global e os impactos da política monetária doméstica devem gerar um impacto muito pequeno na população ocupada, mas os rendimentos devem melhorar [até o final de 2023]. Este avanço esperado é justificado para uma base de comparação muito baixo”, disse Lucas Assis, avaliando o cenário atual.
Jovens podem ter salário 25% menor devido ao impacto da pandemia sobre a educação
A pandemia teve impacto em praticamente todos os níveis possíveis, um destes níveis foi a educação. Segundo o Banco Mundial (Bird), os efeitos da pandemia da covid-19 na formação de crianças e jovens poderão provocar uma defasagem em suas vidas adultas. Segundo o banco, pessoas que tinham menos de 25 anos em 2020, quando a pandemia começou, poderão ter redução de até 25% no seu salário em um futuro próximo.
Ainda, de acordo com o banco, o cenário mais preocupante é entre as crianças menores, que sofreram com o fechamento das escolas em um período bastante importante de sua formação. Os impactos sobre crianças e jovens gerarão perdas econômicas também para os países, dado que haverá dificuldade na movimentação na economia com mão de obra pouco qualificada.
Por fim, o estudo, que foi chamado de “Colapso e Recuperação: Como a pandemia da Covid-19 deteriorou o capital humano e o que fazer a respeito” apontou que o déficit educacional atinge principalmente os países de baixa e média renda, como é o caso do Brasil. A expectativa é que esses jovens, no futuro, não consigam ter um salário equiparado aos atuais, caso se enquadrem em situação de déficit educacional.