As contas externas do Brasil tiveram um saldo negativo de US$ 1,699 bilhão em setembro deste ano. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Banco Central (BC) o déficit ficou 4,9 vezes maior que o rombo registrado no mesmo mês de 2020, de US$ 346 milhões.
Em resumo, as contas externas refletem o resultado das transações correntes. Nesse caso, entram na equação a balança comercial, os serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e as rendas (remessas de juros, bem como lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
A saber, superávit é registrado quando o saldo destas transações fica positivo, com mais entrada de recursos do que saída. Contudo, quando acontece o contrário, registra-se déficit das contas externas. E, em setembro, o resultado negativo foi bastante expressivo.
De acordo com o BC, o superávit de US$ 4,32 bilhões da balança comercial brasileira em setembro não conseguiu impulsionou as contas externas no mês. Em suma, a balança comercial tem superávit quando as exportações superam as importações, mas o resultado expressivo não fez as contas externas do país alcançarem superávit em setembro.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que o resultado de setembro aconteceu por dois principais motivos. O primeiro foi a redução do superávit comercial em US$ 1,9 bilhão. Já o segundo foi uma redução bem menor dos déficits em serviços (-US$ 391 milhões) e em renda primária (-US$ 96 milhões). “O déficit aumentou, embora permaneça em patamares baixos”, disse.
Contas acumulam menor rombo dos últimos 14 anos
Embora setembro tenha chegado ao fim com um déficit expressivo, as contas externas estão com o menor rombo entre janeiro e setembro desde 2007. A saber, o rombo acumulado está em US$ 8,082 bilhões, taxa bem menor que o déficit de US$ 13,303 bilhões entre janeiro e setembro de 2020. Esse é o menor patamar desde o superávit de US$ 2,869 bilhões em 2007.
A propósito, as despesas líquidas de renda primária caíram 30,9% na comparação com setembro de 2020, de US$ 890 milhões para US$ 615 milhões. Já o déficit em transações correntes somou US$ 20,702 bilhões em 12 meses, o que corresponde a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Segundo o BC, as contas de serviços encerraram setembro com um déficit de US$ 1,357 bilhão. Enquanto isso, a conta de viagens internacionais teve despesas líquidas de US$ 237 milhões, ante US$ 138 milhões um ano atrás. Esse valor se refere à diferença entre os gastos de brasileiros no exterior e os valores desembolsados por estrangeiros no Brasil.
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