Pouco após o desfile militar em Brasília, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado e do Congresso Nacional, afirmou durante sessão da Casa desta terça-feira (10), que “nada nem ninguém” intimidará o Congresso Nacional e as prerrogativas dos parlamentares.
“Essa manifestação de hoje [terça-feira], o desfile de tanques das Forças Aramadas, e que muitos senadores apontaram como algo que seria indevido, inoportuno, um tanto aleatório, devo dizer para aqueles que assim interpretaram que está reafirmado o nosso compromisso com a democracia e, absolutamente, nada, nem ninguém, haverá de intimidar as prerrogativas do Parlamento”, afirmou o presidente do Senado.
A ação das Forças Armadas fez o Congresso “afirmar e reafirmar sempre” a responsabilidade com a obediência à Constituição Federal, e reforçando sua crítica ao desfile militar, Rodrigo Pacheco declarou que os congressistas estão “prontos” para reagir a “arroubos” e “bravatas”.
Ainda nesse contexto, o senador também declarou: “sem supervalorizar aquilo que não deve ser valorizado, mas, absolutamente, atentos a todas as manifestações que possam constituir algum tipo de constrangimento ou de intimidação ao Congresso, estaremos sempre prontos todos nós, e isso é algo que nos converge, todos nós, prontos para reagir a arroubos, a bravatas, a ações que definitivamente não calham no estado democrático de direito”.
Oposição e Rodrigo Pacheco criticam o desfile militar
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu uma visita ilustre nesta terça-feira (10) no Palácio do Planalto, em Brasília. Por lá, a Marinha, acompanhada de blindados e outros veículos militares, foi ao encontro do chefe do Executivo para lhe entregar um convite.
De acordo com a Marinha, o convite em questão é para que o presidente compareça a um treinamento de militares das três forças, que será feito em Formosa, Goiás, no próximo dia 16.
Os veículos das forças armadas saíram do Rio de Janeiro e chegaram em Brasília no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados discute a proposta do voto impresso, medida defendida por Bolsonaro, que já chegou a ameaçar a realização das eleições de 2022 caso a medida não fosse adotada.
Todavia, o próprio presidente baixou o tom nos últimos dias, afirmando que respeitará o resultado da votação na Câmara, que deve mesmo sacramentar a derrota do projeto, visto que a maioria dos partidos na Casa já sinalizou que vai votar contra a medida.
Não apenas deputados e senadores criticaram individualmente o desfile; a crítica também partiu de 9 partidos de oposição: PSB, PCdoB, PDT, PT, REDE, PSOL, PSTU, Solidariedade e Unidade Popular. Todos eles assinaram uma nota conjunta em repúdio ao ato, classificado por eles como “clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional”.
Além disso, os partidos também opinaram que é “inaceitável que as Forças Armadas permitam que sua imagem seja exposta desta maneira, usada para sugerir o uso de força em apoio à proposta antidemocrática e de caráter golpista”; a oposição não ignorou o fato de que o desfile ocorreu no mesmo dia em que haveria a votação da PEC do voto impresso.
Apesar do que muitas pessoas podem imaginar, Pacheco garantiu não interpretar o desfile militar como “algo que seja consistente de intimidação ao Parlamento”.
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