O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, faz convocação para 7 de setembro pró Bolsonaro. Ele foi exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro há alguns meses, mas já retomou sua atividade política e endossou a mobilização começada pelo próprio presidente. Salles ainda garantiu que as manifestações serão pacíficas e não vão ameaçar a democracia, como muitas pessoas têm temido ultimamente.
Em suas redes sociais, ele postou: “Dia 07/09 não é para baderna ou ataque às instituições. Muito pelo contrário. É para defender a verdadeira democracia, a liberdade e o Estado de Direito. Quem ama o Brasil, tem um pingo de vergonha na cara e algum sangue nas veias, estará nas ruas!”.
A retomada política de Salles está sendo marcada por aparições públicas. Neste fim de semana, ele participou de uma “Cavalgada pela Família”, em Bauru, num evento que também contou com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Na definição do ex-ministro, o ato foi “em defesa da democracia, da liberdade, da família e do Brasil”.
A política de Salles além da convocação do 7 de setembro
Em entrevista no Palácio do Planalto, logo após o pedido de demissão, Ricardo Salles comentou sobre sua trajetória no cargo. “Experimentei ao longo destes dois anos e meio muitas contestações, tentativas de dar a essas medidas caráter de desrespeito à legislação, o que não é verdade”, disse.
A gestão de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente foi marcada por uma série de polêmicas, sobretudo a partir da reunião ministerial, realizada em 22 de abril de 2020.
Na ocasião, o ministro sugeriu que a gestão de Bolsonaro aproveitasse a pandemia da Covid-19 e, com isso, fosse “passando a boiada”, isto é, ir alterando as regras ambientais no Brasil. Com a frase, ele, que nem era alvo da gravação, divulgada após Sergio Moro sair do Ministério da Justiça, tornou-se um dos personagens mais contestados no governo. Todavia, ele vinha se segurando no cargo até então.
No entanto, a situação de Ricardo Salles passou a ser insustentável quando ele se tornou alvo de um inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), por supostamente ter atrapalhado investigações sobre apreensão de madeira. Ao todo, foram dois anos de Ricardo Salles à frente da pasta.
Operação Akuanduba
Até onde se sabe, Salles e outras 17 pessoas podem estar envolvidos em um esquema internacional de exportação ilegal de madeira. Essa mesma investigação fez Eduardo Bim, ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ser afastado do cargo. Salles nega ter cometido qualquer crime.
A investigação sobre o esquema internacional de exportação ilegal de madeira ficou conhecida como Operação Akuanduba, iniciada quando autoridades estrangeiras noticiaram possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira.
A apuração começou em 19 de maio, destinada a apurar crimes contra a Administração Pública (corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando) praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.