O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), foi convocado nesta quarta (30) pela CPI da Pandemia. O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) o citou como responsável pelas pressões para a compra da vacina Covaxin, no Ministério da Saúde. A CPI convocou também o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias para esclarecer denúncia de propina para a compra da vacina Astrazeneca. A informação saiu no site do Senado Federal. Até o momento, não há mais informações sobre a convocação.
Nessa quinta-feira (1°), o PSol abriu uma representação contra Barros no Conselho de Ética. Segundo o partido, o deputado desonrou seu mandato ao agir em defesa de seus interesses pessoais durante a negociação da Covaxin. O pedido diz que “depreende-se da atitude do deputado Ricardo Barros a prática de abuso das prerrogativas constitucionalmente asseguradas aos representantes do povo, ao fazer uso abusivo de sua posição de parlamentar líder do Governo para negociar vantagens alheios aos interesses públicos, para si próprio e para a Precisa Medicamentos, empresa intermediária da Covaxin”.
Ricardo Barros na CPI
A citação mais polêmica do deputado ocorreu na última sexta-feira (25), quando Luis Miranda afirmou na CPI que Bolsonaro sabia sobre o envolvimento do deputado Ricardo Barros nas irregularidades no processo de compra da Covaxin. Segundo contou Miranda, o presidente teria respondido que “se eu mexo nisso aí, você sabe a merda que vai dar. Isso deve ser coisa de ‘fulano’.”.
No dia 19 de março, Luis Miranda e seu irmão, o servidor Ricardo Luis Miranda, alertaram Bolsonaro sobre irregularidades na importação da vacina Covaxin. Ao receber a notícia, o presidente afirmou saber de um deputado governista que estava envolvido no caso e que levaria a denúncia ao delegado-geral da Polícia Federal. Porém, a promessa nunca se cumpriu. O deputado também contou que enviou várias mensagens a assessores do presidente para alertar acerca da situação, mas não teve retorno.
Barros rapidamente respondeu à acusação em suas redes sociais, negando participar das negociações. “Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso. Não tenho relação com esses fatos”, ele disse em suas redes sociais.
O escândalo da Covaxin
Ricardo Luis Miranda, servidor disse que encontrou diversos erros no pedido de importação, tais como: a Covaxin não tem aprovação da Anvisa para aplicação no país; o pagamento seria feito antecipadamente para uma terceira entidade que está localizada em um paraíso fiscal em Cingapura; o valor do pedido era de U$ 45 milhões por 3 milhões de doses da vacina Covaxin, muito acima do valor unitário enviado ao ministério.
A compra superfaturada de 20 milhões de doses da vacina Covaxin é uma denúncia gravíssima que segue mobilizando toda a discussão da Comissão. Além disso, esse escândalo ajudou a trazer à tona outros casos de corrupção durante a pandemia, como a suposta fraude na compra da vacina chinesa CanSino. Assim como aconteceu com a vacina indiana, a compra da CanSino ocorreu por meio de empresa intermediária. O preço por dose chegou a US$ 17, muito maior do que o de outros imunizantes negociados pelo Ministério da Saúde. O contrato negociava R$ 5 bilhões por 60 milhões de doses.