O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em Paris, na França, onde, assim como publicou o Brasil123, o petista, nesta sexta-feira (23), participou da Cúpula sobre o Novo Pacto de Financiamento Global. Além do evento, estava na agenda do presidente um jantar com Mohammed bin Salman al Saud, príncipe Arábia Saudita, mas o encontro foi cancelado.
De acordo com fontes oficiais, esse cancelamento se deu por questões de agenda. No entanto, informações do jornal “Folha de S. Paulo” mostram que o encontro foi cancelado por conta de duas polêmicas: o príncipe em questão foi o responsável por presentar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com joias e ainda é o suspeito de mandar matar o jornalista Jamal Khashoggi.
Em um primeiro momento, o jornal iria acontecer na Residência Oficial do Reino da Arábia Saudita em Paris, mas, segundo o governo brasileiro, a agenda de Lula “acabou muito tarde” na quinta (22) e os planos para essa sexta foram revistos. Todavia, assessores de Lula colocaram na agenda do chefe do Executivo, no lugar do encontro com o príncipe, uma reunião com Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid).
O nome de Mohammed bin Salman al Saud ficou famoso no Brasil após o surgimento da notícia de que ele havia presenteado Michelle Bolsonaro e o ex-presidente – integrantes do governo de Bolsonaro tentaram trazer os bens ao Brasil de forma ilegal, sem declará-los, e as joias acabaram detidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Além disso, o príncipe também é conhecido por ser o principal suspeito de ter mandado matar o jornalista Jamal Khashoggi em 2018 – investigações feitas pela inteligência dos Estados Unidos afirmam que ele teria autorizado o assassinato ou captura do jornalista, que era um crítico seu.
Lula critica exigências da União Europeia para acordo com o Mercosul
Assim como explicado, Lula está em Paris porque participou da Cúpula sobre o Novo Pacto de Financiamento Global. Em discurso feito no evento nesta sexta, o chefe do Executivo classificou como sendo uma “ameaça” as exigências da União Europeia para a finalização do acordo do bloco com o Mercosul.
De acordo com Lula, existem sanções que são consideradas “duras” pelo governo brasileiro em caso de descumprimento de obrigações por parte dos países participantes. Segundo Lula, ele está “doido” para fazer um acordo com a União Europeia. “Mas não é possível, a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, e vamos mandar a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que nós temos uma parceira estratégica, e haja uma carta adicional que faça ameaça a um parceiro estratégico”, disse ele.
A União Europeia e o Mercosul estão negociando um acordo desde 1999. Recentemente, a União Europeia enviou ao Mercosul um documento que contém “instrumentos adicionais” a serem acrescentados no acordo – são exatamente esses aditivos que Lula classificou como ameaça – um desses adicionais diz respeito a uma lei aprovada pelo Conselho Europeu em maio deste ano. No texto em questão, proíbe-se a importação de produtos de áreas desmatadas depois de 2020, além de estabelecer a aplicação de multas.