Os trabalhadores do Brasil vêm sofrendo nos últimos tempos com a redução da sua renda. Em relação a números absolutos, a renda da população cresce, uma vez que o salário mínimo sofre reajustes anuais de acordo com a inflação. Contudo, o rendimento real do trabalhador não cresce desde 2020.
Na verdade, a renda média dos trabalhadores do país cresceu 4,4% em 2020. Embora o planeta tenha sofrido os impactos iniciais da pandemia da Covid-19, o rendimento cresceu devido ao aumento dos desligamentos.
Em resumo, a crise sanitária provocou a perda de milhões de empregos, e muitos deles eram de profissionais de menor qualificação. Isso quer dizer que os trabalhadores mais especializados, que tendem a ter um salário maior, continuaram empregados. Por outro lado, os profissionais menos qualificados perderam seus empregos.
Como a quantidade de salários mais baixos teve uma queda mais acentuada do que a de salários mais altos, a renda média da população acabou crescendo. Contudo, vale ressaltar que esse foi o motivo para a alta, ou seja, a renda não cresceu de fato, mas os dados que entraram no levantamento eram mais altos.
Retomada do mercado de trabalho reduz renda
No ano passado, o mercado de trabalho se recuperou parcialmente das perdas de 2020. Em outras palavras, profissionais menos qualificados conseguiram voltar ao trabalho e suas rendas, que tendem a ser menores, voltaram aos cálculos.
Por falar nisso, a renda média real habitual dos trabalhadores em 2021 foi de R$ 2.587, contra R$ 2.543 em 2020. Em suma, houve um crescimento nominal de 1,7% entre os anos. Entretanto, ao descontar a inflação, o valor do ano passado ficou 4,4% menor que o de 2020.
Em 2022, o caminho percorrido parece ser o mesmo. De acordo com dados do IBGE, o rendimento médio real dos trabalhadores do país ficou em R$ 2.548 no primeiro trimestre de 2022, ou seja, está inferior ao resultado de 2021. E a queda não é apenas real, quando há desconto da inflação, mas também nominal.
A consultoria integrada Tendências estima que a renda média habitual registre uma alta nominal de 5,8% neste ano. No entanto, o trabalhador sofrerá com uma queda real de 4%. Isso quer dizer que o brasileiro deverá fechar o segundo ano consecutivo com a renda em queda.
Leia Também: Inflação cresce no Brasil e atinge 8 em cada 10 itens pesquisados pelo IBGE