O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acelerou os preparativos para o encontro com a China em março, após se encontrar com Joe Biden em Washington. A visita ao principal parceiro comercial do Brasil expôs claramente uma mudança nos rumos da política externa, marcada por atritos e provocações entre o governo de Jair Bolsonaro e os chineses.
Do lado brasileiro, há interesse em ampliar o atual patamar de investimentos da China, de US$ 70 bilhões, em áreas estratégicas como energia e infraestrutura, além do comércio de commodities, como soja e minério.
Possibilidade de cooperação com a China
O Itamaraty planeja desenvolver várias áreas de cooperação com a China. Uma delas possibilidade é ampliar a cooperação no espaço, lançando novos satélites coproduzidos. O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres(Cbers) construiu e colocou seis satélites em órbita. Vale destacar que o primeiro lançamento ocorreu em 1999 e o último em 2019. Até o momento, os investimentos ultrapassaram US$ 300 milhões.
É esperado que Lula lidere uma grande comitiva para visitar a China. Um exemplo disso foi o grande número de ministros presentes na reunião preparatória da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), na última quarta-feira, realizada no Itamaraty. O coordenador da comissão e vice-presidente, Geraldo Alckmin, deve permanecer no Brasil para assumir o cargo durante a visita de Lula.
Reestruturação do protagonismo brasileiro
A aposta agora na diplomacia brasileira é recuperar seu domínio nos fóruns internacionais e aproveitar o BRICS, grupo que também inclui Rússia, Índia e África do Sul. A viagem de Lula a Pequim foi tratada com “senso de prioridade” no Itamaraty e seguiu com notável roteiro político nos Estados Unidos e até na Argentina e no Uruguai.
Devido à longa distância, Lula deve ficar quatro dias na China. A viagem está marcada para a última semana de março. O evento principal com o líder chinês Xi Jinping deve se concentrar no dia 28.
Lula visitou a China em 2004, 2008 e 2009, respectivamente. Desde o estabelecimento de relações diplomáticas em 1974, seis presidentes brasileiros pisaram na China: João Figueiredo, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Um momento chave na preparação para a visita de março será um encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e seu homólogo chinês, Wang Yi, à margem da reunião do G-20 em Nova Deli no final deste mês, organizada pela Índia.
Em suma, essas conversas geralmente determinam os detalhes finais da visita.