Um levantamento mostrou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu 1.682 declarações falsas ou enganosas no ano passado, uma média de 4,3 por dia. As informações foram reveladas pelo Relatório Global de Expressão da Artigo-19, organização não-governamental de defesa e promoção do direito à liberdade de expressão e acesso à informação em todo o mundo.
De acordo com o levantamento, em 2019, Bolsonaro deu 500 declarações do tipo. Ainda segundo o estudo, nos últimos cinco anos, o Brasil deixou de figurar entre os países com os melhores índices de liberdade de expressão. Com isso, o país passou a ser considerado uma democracia em crise.
“Em relação à imprensa, foram registradas 464 declarações públicas feitas pelo Presidente da República, seus ministros ou assessores próximos que atacaram ou deslegitimaram jornalistas e o seu trabalho, nível de agressão pública que não é visto desde o fim da ditadura militar”, explicou o relatório da Artigo 19 no Brasil.
Ainda de acordo com o levantamento, as violações contra jornalistas e comunicadores somam 254 casos. Deles, quase 50% (123 violações) foram cometidos por agentes públicos, e 18% (46 casos) continham expressões racistas, sexistas ou LGBTQIA-fóbicas.
Segundo Denise Dora, diretora-executiva da Artigo 19, no ano passado, o Brasil registrou 52 pontos na escala de liberdade de expressão, que classifica os países em uma pontuação geral que vai de zero a cem, sendo zero a categoria de um país em crise na liberdade de expressão e cem a de total liberdade.
“Esta é a menor pontuação brasileira no indicador desde a primeira medição feita em 2010”, explicou ela, que ainda completou dizendo que a publicação analisa e traz métricas quanto à liberdade de expressão em todo o mundo, refletindo sobre a garantia de direitos de jornalistas, da sociedade civil e de cada indivíduo de se expressar e se comunicar.
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