A quinta maior economia global vem sofrendo uma grave crise para preencher milhões de vagas de emprego. No Reino Unido, diversos setores enfrentam dificuldades de abastecimento, com destaque para o setor de transportes. E tudo isso porque não há funcionários suficientes para as vagas em aberto.
Essa situação é resultado, principalmente, de dois fatores: pandemia da Covid-19 e Brexit. Ambas as razões estão afetando mais fortemente o setor de transportes. Por isso, vamos entender melhor a situação no Reino Unido.
Em resumo, a Road Haulage Association (RHA), associação comercial dedicada ao transporte rodoviário, alertou no início de agosto sobre a grave crise do setor de transporte. A saber, a RHA afirmou que eram necessários 100 mil motoristas de caminhão para atender a demanda do mercado do Reino Unido.
À época, o país havia suspendido todas as restrições para conter o novo coronavírus graças ao avanço da vacinação e à queda do número de casos e mortes. No entanto, a demanda não estava sendo suprida devido à falta de motoristas, e os problemas começaram a disparar.
Pandemia e Brexit afundam Reino Unido em crise
Em primeiro lugar, a pandemia afeta o planeta há mais de um ano. Desde a sua decretação, em março de 2020, diversos países impuseram restrições em suas fronteiras, inclusive o Reino Unido. Isso fez muitos motoristas europeus retornarem às suas casas, ainda mais porque a economia estava parada. Agora, em agosto, poucos voltaram aos seus trabalhos, segundo as empresas de transporte.
Nesse caso, o Brexit, que é a junção da palavra British (britânico) e exit (saída), tem papel fundamental. Em suma, a saída do Reino Unido da União Europeia foi bastante conturbada. De um lado, o bloco europeu não queria a saída do país, porque temia que isso incentivasse outros países a abandonarem o bloco. De outro, o Reino Unido exigia um tratamento melhor da União Europeia.
Com a saída do bloco, muitos europeus retornaram aos seus países, pois a entrada e a saída não estavam mais tão simples quanto antes. A burocracia nas fronteiras do Reino Unido dificultou esse trânsito, e os motoristas preferiram trabalhar dentro do bloco europeu, ou seja, longe do país britânico.
Ao mesmo tempo, a pandemia atrasou as provas que os motoristas precisavam realizar para obter a habilitação para veículos pesados. Dessa forma, ficou impossível para as empresas contratarem motoristas suficientes para ocupar as vagas em aberto. Aliás, associações de transportadoras informaram que as provas para obter a habilitação tiveram 25 mil pessoas a menos neste ano.
Outros setores sofrem com a crise nos transportes
As dificuldades dos transportes já afetam diversos outros setores no país. Em síntese, o Conselho Britânico de Avicultura informou que há mais de 7 mil vagas em aberto, porque os trabalhadores não retornaram aos seus postos. De acordo com o conselho, isso pode afetar a oferta de peru no Natal, que é o principal prato dos moradores britânicos na data.
Já a Associação Britânica de Produtores Independentes de Carne pediu ajuda ao Ministério da Justiça nesta semana. A entidade solicitou o aumento da cota de presos com autorização para trabalhar em tarefas de processamento de carne.
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Tony Goodger, membro da associação, afirmou que havia cerca de 14 mil vagas em aberto no setor de processamento de carne. “E o Ministério nos disse que eles tinham muita demanda, e que já havíamos atingido nossa cota de presos que poderíamos contratar”, disse.
Por fim, o governo britânico anunciou um flexibilização das regras do setor de transportes. Em resumo, os motoristas poderão trabalhar 11 horas por dia, duas vezes na semana. Atualmente, o limite diário é de nove horas. “Isso permitirá que motoristas de veículos pesados façam viagens um pouco mais longas”, afirmou um porta-voz do governo, “mas só deve ser usado quando necessário e não deve comprometer a segurança do motorista”.
Leia Mais: Pesquisa sobre o setor de serviços do país revela destaques regionais