Fernanda Melchionna (PSOL), deputada federal, afirmou neste sábado (08), em entrevista ao portal “UOL”, que a abstenção de alguns deputados do PSOL na votação que aprovou a reforma tributária na Câmara ontem é um “alerta” ao governo do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Reforma tributária e Carf deixam Haddad em posição de superioridade no governo
Durante a entrevista, a deputada lembrou que o partido atuou ao lado de Lula na campanha, destacando ainda que sua legenda está disposta a aprovar “medidas positivas para o povo brasileiro”. Apesar disso, ela criticou a reforma tributária pela falta, por exemplo, da taxação de grandes fortunas e lucros e dividendos de acionistas.
“Nós optamos pela abstenção porque, por um lado, a gente não se confunde com bolsonarismo, extrema-direita, que tem uma agenda mais ultraliberal”, disse a deputada, completando que “é impossível manter o sistema como está” e criticou o presidente Lula por nem tentar uma reforma que taxasse os mais ricos.
“Por essa lógica, nunca vai se fazer uma revolução, uma reforma tributária nas raízes dos problemas. O presidente Lula não vai nem tentar? A arte do possível sempre vai ser a negociação com o Centrão na Câmara dos Deputados, a gente está discutindo governabilidade ao invés de chamar o povo para se mobilizar, lançar um projeto na Câmara e fazer a sociedade se posicionar”, disse ele durante a entrevista.
Assim como publicou o Brasil123, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária foi aprovada pelos deputados em dois turnos na quinta-feira (06), em uma votação histórica que contou com esforço conjunto a Câmara, principalmente do presidente da Casa, e do governo.
No primeiro turno da votação, o placar foi de 382 a 118, enquanto no segundo turno, a proposta foi aprovada por 375 a 113. O projeto era um dos considerados mais importantes pela gestão Lula neste primeiro semestre.
As discussões sobre um novo sistema tributário brasileiro se arrastavam há quase 30 anos no Brasil – conforme os defensores da proposta, o texto visa simplificar a cobrança de impostos no país. Na sexta, Lula comemorou a aprovação, dizendo que “o Brasil terá sua primeira reforma tributária do período democrático”.
“Um momento histórico e uma grande vitória para o país. Parabéns para a Câmara dos Deputados pela significativa aprovação ontem e ao ministro Fernando Haddad pelo empenho no diálogo e no avanço da reforma. Estamos trabalhando para um futuro melhor para todos”, disse o petista.
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