Os brasileiros que vão aos supermercados já devem ter percebido o aumento dos preços do leite e do ovo nos últimos tempos. Ambos os itens estão acumulando fortes altas em 2022, e um dos principais motivos para isso é a indisponibilidade dos produtos nas prateleiras do país.
De acordo com o Índice de Ruptura da consultoria Neogrid, a indisponibilidade do leite longa vida nos supermercados alcançou o maior patamar em um ano. A saber, em junho, o índice chegou a 19,4%, contra 18,8% no mês anterior. Aliás, a taxa do mês passado foi a segunda maior desde janeiro de 2019, indicando que a situação não está fácil para os brasileiros.
Esses dados refletem a queda da produção do leite no país. Em resumo, a captação do alimento pelas indústrias e cooperativas de laticínios recuou em mais de 10% no primeiro semestre deste ano. Pelo menos é o que indica o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges.
No caso do ovo, o Índice da Neogrid ficou em 19,4% em junho, contra 17% em maio. A propósito, esse indicador reflete a queda do fornecimento do item aos supermercados do país. E essa redução na oferta tem aumentando os preços do ovo em todo o Brasil.
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Segundo o professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Kanter, há três principais fatores que estão elevando os preços do leite e do ovo país. O primeiro deles se refere ao clima seco, que é tradicional do período de entressafra. A saber, o clima prejudica a qualidade das pastagens, afetando a produção leiteira dos gados e de ovos das galinhas.
Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia e o próprio clima seco estão elevando os custos de produção. Isso acontece porque a Ucrânia é um grande exportador de milho, usado na alimentação dos animais, e o Brasil utiliza grandes quantidades de fertilizantes vindos da Rússia. Em outras palavras, as dificuldades parecem vir de todos os lados.
Por fim, o mercado vem se mostrando mais atrativo para o comércio de carne do animal que o de leite e ovos. Em suma, os produtores preferem vender os animais para o exterior, pois são remunerados em dólar, e a moeda americana disparou nas últimas semanas. Como consequência, a oferta acaba reduzida no Brasil, e isso pressionando os preços dos itens.
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