Durante o recesso da CPI, os membros da Comissão esperam que a Polícia Federal (PF) auxilie na análise e investigação de pelo menos 2 terabytes de informação; o equivalente a 500 mil fotos ou mil horas de vídeo ou ainda 13 milhões de páginas de documentos. É o suficiente para lotar a memória de 32 celulares de 64 gigabytes cada.
Os dados foram coletados durante os dois meses de investigação da Comissão; ela usou vários artifícios para conseguir essas informações, inclusive quebras de sigilo, inquéritos policiais e dados fornecidos por órgãos de controle.
Apesar do recesso, o presidente da CPI garante que as investigações continuarão avançando sobre as denúncias de supostas fraudes e irregularidades na aquisição de vacinas. “Não vai esfriar, essa preocupação de o governo agir e os trabalhos esfriarem não tem sentido. Ao contrário, ainda temos muito o que investigar”, Omar Aziz esclareceu.
Recesso da CPI
A CPI da Covid-19 retorna somente no próximo dia 03 de agosto. Até lá, a cúpula da Comissão utilizará esse recesso parlamentar para analisar os quase 2 mil documentos recebidos até agora. Segundo números do Senado Federal, a CPI realizou 37 sessões e ouviu 27 depoimentos.
Dentre os temas documentados estão a crise de oxigênio em Manaus, o atraso na compra de vacinas e a aposta do governo no “kit Covid”, que reunia alguns medicamentos sem eficácia comprovada, criticados enfaticamente pelos cientistas.
Nas últimas semanas, também surgiram as supostas ocorrências de corrupção no Ministério da Saúde. De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede), vice-presidente da Comissão, durante o período de recesso, a CPI não terá sessões presenciais ou depoimentos.
Todavia, “os senadores querem criar pequenos grupos para agilizar a análise dos quase 2 mil documentos e avaliar as informações que continuam chegando à CPI e que podem ajudar a abrir novas linhas de investigação”, afirmou.
Dados coletados
Ao que tudo indica, os documentos coletados mostram que o coronel da Aeronáutica Glaucio Octaviano Guerra, foi um dos intermediários da tentativa de venda de 400 milhões de doses fantasmas da AstraZeneca ao governo federal. Segundo os dados, ele tinha empresas que atuavam em contratos com hospitais federais no Rio.
Foi Cristiano Carvalho, representante da Davati Medical Supply, quem citou Guerra como alguém que atuava como porta-voz da Davati. Além desse depoimento dado à CPI, o coronel aparece também na fala do cabo da PM Luiz Dominghetti.
O ex-governador do Rio, Wilson Witzel, também informou à CPI sobre as irregularidades em hospitais fluminenses. Após o depoimento, a comissão aprovou a quebra de sigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático de organizações sociais que, de acordo com Witzel, teriam participado de desvio de recursos no estado do Rio.