A Receita Federal publicou, nesta quarta-feira (14), a exoneração de Julio César Vieira Gomes, que é auditor-fiscal e desempenhava o cargo de secretário do órgão. De acordo com investigações da Polícia Federal (PF), o servidor teria atuado na tentativa de liberar um conjunto de joias dadas pelo regime saudita, e que entraram ilegalmente no país, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Conforme informações reveladas pelo canal “CNN Brasil”, Julio Gomes havia pedido para deixar a Receita Federal em abril. No entanto, na ocasião, o pedido foi negado pela alta cúpula da instituição. Nesta quarta, como justificativa da exoneração, o atual chefe do órgão, Robinson Barreirinhas, alegou que existe, hoje, uma investigação preliminar sumária na corregedoria contra Julio César.
Na semana passada, a conclusão de uma perícia feita pela Polícia Federal revelou que as joias apreendidas pela Receita Federal com integrantes de uma comitiva do governo do ex-presidente, em outubro de 2021, valem mais de R$ 5 milhões. Assim como publicado anteriormente no Brasil123, esses itens de luxo foram dados de presente pelo governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Um assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque tentou entrar com os itens no Brasil sem declará-los à Receita, algo que é contra a lei. Segundo informações do portal “G1”, os peritos da Polícia Federal analisaram mais de duas mil pedras e também checaram a qualidade do ouro presente nas peças.
De acordo com o portal, peritos afirmam que o conjunto estava em uma caixa de couro, revestida de veludo, e continha um colar de ouro branco com inúmeros pingentes, todos cravejados em diamantes. Além disso, também existia um par de brincos, um anel e um relógio de pulso, todos feitos em ouro e pedras preciosas também estavam na caixa.
Esse valor de pouco mais de R$ 5 milhões corresponde a cerca de um terço da estimativa de 3 milhões de euros, isto é, R$ 16,5 milhões, que circulou em março de 2023, quando o caso foi revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. Por conta do caso, a Polícia Federal abriu um inquérito que tem como foco investigar o caso e os envolvidos podem ser denunciados pelo crime de peculato, que é praticado quando um funcionário público usa o cargo para tentar se apropriar de um bem que não é seu. Neste criem, a pena é de dois a 12 anos de prisão, e multa.
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