O real brasileiro não tem muito o que comemorar em outubro. A saber, o real é a quarta moeda que mais perdeu valor na comparação com o dólar neste mês. Pelo menos é o que aponta um levantamento realizado pelo economista Alex Agostini, da Austin Rating.
Em resumo, o ranking levou em consideração 120 divisas de todo o planeta. Aliás, o levantamento também utilizou a cotação do dólar PTax (taxa calculada pelo Banco Central) para realizar o ranking. E é justamente nesta lista que o real ficou em quarto lugar, acumulando uma desvalorização de 3,9% ante o dólar apenas em outubro.
Esse resultado só não foi pior que o da lira turca (-7,5%), da rúpia das Ilhas Seychelles (-14,4%) e da libra do Sudão do Sul (-57%). Estas moedas ocuparam o top três e são as únicas a registrar uma desvalorização maior que a do real em outubro.
Veja o que vem derrubando o real no mês
A saúde fiscal do Brasil vem mal das pernas há tempos. Com a pandemia da Covid-19, os gastos públicos dispararam para combater a crise sanitária. Ao mesmo tempo, a pandemia afundou a atividade econômica mundial. Por isso, a inflação em 2021 segue elevada em todo o planeta.
No Brasil, a situação fica ainda mais complicada, porque o governo federal vem elevando os gastos públicos. O grande problema dessa situação são as soluções adotadas para financiar programas. E o mais novo deles é o Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família e entrará em vigor no país em novembro.
Em suma, o benefício elevará o valor médio pago pelo Bolsa Família, que é de R$ 190, para R$ 400 até dezembro de 2022. Muitos dizem que a medida é uma manobra para que o presidente Jair Bolsonaro consiga mais votos para as eleições presidenciais de 2022.
Assim, o governo deixa de lado o ajuste fiscal do país, aumentando os gastos. As preocupações do mercado se referem à possibilidade de calote do governo, que pode não ter condições de honrar suas dívidas com os credores. O resultado é a debandada de investidores do país e o aumento da busca pelo dólar em detrimento do real.
Por fim, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a equipe econômica tenta viabilizar meios de alterar o teto de gastos públicos, tido como âncora fiscal do país. Para financiar o Auxílio Brasil, ele afirmou que uma das opções é criar uma “licença para gastar” com o programa social.
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