Vice-presidente e criador da CPI da Covid-19, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou, nesta quinta-feira (06), que irá protocolar um pedido para que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello apresente o teste de Covid-19.
Pazuello recebe visita de ministro após pedir adiamento de depoimento por suspeita de Covid-19
O pedido acontecerá porque, na última terça-feira (04), Pazuello alegou aos parlamentares da CPI que não poderia comparecer presencialmente à Comissão que investiga as ações e omissões do governo federal durante a pandemia da Covid-19, pois teria tido contato com coronéis infectados com o vírus.
No entanto, nesta quinta, conforme publicou o Brasil123, Pazuello recebeu a visita do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, mesmo com suspeita de Covid-19. Nesse sentido, em entrevista ao canal “CNN”, Randolfe afirmou que o pedido acontecerá por conta dos “notórios acontecimentos”.
“Vamos protocolar. Acho necessário pelos notórios acontecimentos. Sei que não há convergência na comissão, nem na direção da comissão. Alguma medida tem que ser tomada. Comissão Parlamentar de Inquérito não pode ser desrespeitada, não pode ser afrontada”, afirmou.
Atual Ministro foi questionado sobre Pazuello
Nesta quinta (06) pela manhã, já ciente do acontecimento com Eduardo Pazuello, Randolfe questionou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre visitas a infectados pela Covid-19. Em resposta, Queiroga foi enfático, afirmando que qualquer contaminado deve manter isolamento social.
Crítica a Bolsonaro
Ainda durante a entrevista, o senador também criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, segundo ele, tem tentado mudar o foco da CPI a todo o momento. “O presidente da República fica todo dia tentando mudar o foco, atacar a comissão de inquérito. Não é condizente para a postura de um presidente”, começou.
Em outro momento, ele afirmou que CPI surge quando todas as instituições que deveriam ter o dever de investigar não investigaram. “Talvez por isso incomode tanto, e talvez por isso o presidente esteja dedicando tempo a falar com ela”, finalizou.
A opinião que Bolsonaro tenta mudar o foco vai ao encontro do que pensam os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmaram, nesta quinta (06), que não vão reagir às novas ameaças do chefe do Executivo, que afirmou que pode baixar um decreto para garantir o direito de ir e vir da população.
Com a decisão, afirmou o presidente, ele impediria estados e municípios de adotarem medidas de restrição de atividades, o que vem acontecendo por conta da pandemia da Covid-19. Além disso, no discurso, ele mandou um recado ao STF.
“Não ouse contestar o decreto, quem quer que seja, sei que o Legislativo não contestará”, afirmou Bolsonaro, reclamando de decisões do STF, que suspendeu, nos últimos tempos, várias medidas do Palácio do Planalto por considerá-las inconstitucionais.
No entanto, mesmo adotando um tom de ameaça, de acordo com uma publicação do jornalista Valdo Cruz, um ministro do STF disse que ninguém irá comentar o caso, pois Bolsonaro volta a “repetir a mesma estratégia de sempre, que é desviar o foco”. Ainda de acordo com esse ministro, “ninguém mais leva a sério esse tipo de ameaça” do chefe do Executivo.
Entenda: STF não vai reagir a novas ameaças de Bolsonaro