Creio que uma dos questionamentos mais realizados neste novo ano é se a economia mundial conseguirá se recuperar da pandemia?
Ao final de 2021, o sentimento era de que a recuperação estava de fato próxima, com o FMI projetando um crescimento de 4,9% em 2022 e a previsão da OCDE de 4,5%. Apesar de esses números estarem abaixo da taxa de crescimento global pretendida, de cerca de 5% a 6% em 2021, representam uma recuperação branda em relação a tudo que aconteceu no ano anterior.
No entanto, começamos o ano de 2022 exatamente como terminamos o ano de 2021, com a descoberta da nova variante do coronavírus, a Ômicron.
Ômicron pelo mundo
Com a chegada da Ômicron, o turismo entrou novamente em desordem, os trabalhadores foram forçados a ficar em quarentena em casa e os governos enfrentam a perspectiva de impor novas restrições. A pergunta que fica é: Uma variante altamente contagiosa da Ômicron poderia ter um sério impacto na recuperação econômica? Ou seus sintomas leves impedirão a economia de cair novamente?
Na perspectiva geral, a Ômicron já vem cobrando seu preço, evidenciado por gastos menores com cartões de crédito, diminuição de reservas em restaurantes, voos de companhias aéreas cancelados e a retomada do aprendizado on-line em muitas escolas. Além disso, nos países da Europa, já podemos notar restrições mais rígidas, cautela do consumidor e absenteísmo, resultando em uma clara redução da atividade econômica.
A temida inflação
A inflação é outra grande incógnita para este ano. Em 2021, observamos um aumento repentino e acentuado da inflação devido à retomada da atividade econômica global e aos gargalos nas cadeias de suprimentos globais.
Além disso, acompanhamos a postura dos Bancos Centrais pelo mundo, que estavam sob grande pressão para garantir que a inflação não subisse em espiral. Apesar disso, as autoridades monetárias afirmam que a inflação mais alta é apenas temporária e que os preços vão cair, no entanto, há um grande prejuízo para empresas e consumidores.
Não é por acaso que o Federal Reserve (FED) vem mudando de tom na última semana em relação à inflação, com a perspectiva de juros mais altos para a economia americana, afetando países emergentes, como o Brasil.
Dívida pública
Com a chegada da pandemia, houve uma deterioração fiscal nas economias avançadas, emergentes e em desenvolvimento. O colapso na produção e nos gastos do governo para manter a economia à tona desencadeou um aumento acentuado nos níveis de dívida global.
No entanto, à medida que a recuperação inicial da pandemia dá lugar ao novo normal, o equilíbrio entre os benefícios e os custos da acumulação de dívidas está cada vez mais inclinado para os custos.
Este rápido aumento do endividamento é um dos principais motivos de preocupação, dados os riscos associados ao alto endividamento, como, por exemplo, o pagamento de juros, a possibilidade de sobreendividamento, as restrições que a dívida pode impor a eficácia das políticas públicas e a possível exclusão do investimento do setor privado.
A perspectiva é que os governos consigam eliminar gradualmente o apoio especial fornecido durante a pandemia ao longo deste novo ano. Em suma, à medida que muitos governos aumentam o investimento público, o déficit da economia ainda será maior do que antes da pandemia.