O governo brasileiro nomeou o economista Adriano Pires como CEO da Petrobras. Ele sucederá Joaquim Silva e Luna, que sofreu intensa pressão política nas últimas semanas, depois que a Petrobras aumentou os preços do diesel e da gasolina para tentar igualar o aumento do petróleo Brent. Em carta emitida pelo Ministério de Minas e Energia do Brasil, o governo fez duas mudanças no conselho de administração da empresa, uma das quais retirou o nome de Silva e Luna e o substituiu por Pires.
Sobre Adriano Pires
Adriano Pires é um economista respeitado, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutor em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII. Pires possui um pensamento ortodoxo do liberalismo econômico, bem em linha com a do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele é mais conhecido no Brasil como consultor e fundador do Centro Brasileiro de Pesquisa em Infraestrutura, especializado em serviços de petróleo e gás, com atuação de mais de 30 anos na área.
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, Pires precisará passar pelo crivo do Conselho de Administração da empresa, que agendou uma assembleia-geral de acionistas para 13 de abril, onde Pires provavelmente será confirmado como presidente-executivo da empresa, o terceiro sob o atual governo do presidente.
Carreira
Adriano Pires foi professor adjunto do Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisador e consultor de empresas e entidades internacionais como UNESCO, Agência Nacional de Energia Elétrica, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O economista trabalhou na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de 1998 a 2001, durante a abertura do setor de petróleo e gás do país, mas nunca ocupou um cargo executivo.
Atualmente, Adriano Pires é diretor-fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) e atua coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural.
Antecessores
Silva e Luna, assim como seu antecessor Roberto Castro Blanco, foram demitidos por adotar uma estratégia implementada pela primeira vez em 2017 que exigia que a Petrobras levasse em consideração os preços do petróleo Brent e os movimentos da taxa de câmbio para reajustar as tarifas dos combustíveis. Antes disso, o antigo governo de coalizão, liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), realizava o controle dos preços, que por sua vez, fazia com que a Petrobras tivesse grandes perdas, principalmente na parte importada de seus insumos e produtos de refino.
O que vem pela frente?
Atualmente, a principal preocupação de Bolsonaro é com a eleição presidencial, que ocorrerá ainda este ano. O atual presidente da República teme perder votos se os preços do diesel e da gasolina continuarem subindo. A Petrobras enfrentou repetidos contratempos para equilibrar as demandas dos investidores e de seu acionista controlador, o governo federal, depois que três de seus quatro últimos presidentes foram demitidos por divergências no preço do combustível.
Em suma, não está claro se Adriano Pires mudará a agenda atual da empresa, diante de sua concepção de pró-mercado.