A Fundação Getúlio Vargas divulgou na última sexta-feira (23) o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S). De acordo com os dados da instituição, a terceira semana de junho fechou com deflação de 0,24% e já vinha de uma baixa de 0,17% na segunda semana do mês. Dessa forma, o indicador de preços ao consumidor da FGV acumulou uma alta de 2,08% nos últimos 12 meses.
Nesse sentido, o indicador prévio da inflação apontou queda em cinco das oito classes de despesas que compõem o índice. A maior contribuição para o resultado de deflação veio do grupo de Habitação, em que a taxa passou de 0,64% para 0,38%. Já na classe de despesa, o destaque fica para o gás de bujão, em que o preço variou -2,94% contra -1,60% medido na semana anterior.
Outros decréscimos com destaque foram: automóvel novo (-2,00% para -3,83%), plano e seguro de saúde (1,02% para 0,71%), arroz e feijão (-0,16% para -1,13%) e jogo lotérico (5,26% para 2,54%). Por outro lado, os grupos de Educação, Leitura e Recreação (-1,20% para -0,33%) e Comunicação (-0,01% para 0,14%) registraram alta no período de medição. Os destaques nas altas ficaram para a passagem aérea (-7,83% para -2,45%) e tarifa de telefonia móvel (-0,07% para 0,21%).
IGP-M também tem deflação
Outro indicador calculado pela Fundação Getúlio Vargas, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), também apontou que junho terá uma queda. Nesse sentido, a prévia do mês de junho, inclusive, deve apresentar a menor taxa da série histórica do indicador, que começou a ser medido em 1989. Utilizado para, entre outras coisas, calcular o reajuste no preço do aluguel, o IGP-M apresentou deflação de 1,78% na segunda prévia do mês, após ter recuado 1,50% na prévia de maio.
Segundo André Braz, economista da FGV e responsável pelo indicador, commodities e combustíveis mais baratos tanto no atacado quanto no varejo foram determinantes para que o IGP-M fosse negativo. Ainda, de acordo com ele, o IGP-M completo, que será divulgado em 29 de junho, não deve ter queda muito distante da segunda prévia anunciada neste mês. Além disso, ele não descarta nova queda no mês de julho.
Queda no IGP-M não reflete no preço do aluguel
Embora o IGP-M tenha tido deflação nos últimos dois meses, isso não necessariamente significa que o preço do aluguel vai cair imediatamente. Especialistas alertam que a falta de reajuste dos aluguéis pode estar relacionado as condições do mercado imobiliário atual e a questões contratuais entre proprietários e aquilinos. Reajustes costumam ocorrer no momento de renovação do contrato e não mensalmente.
Além disso, existe um outro ponto que, a subida do índice não foi integralmente refletida no preço dos aluguéis. Segundo André Braz, o mercado ainda está compensando valores do período de pandemia. “Nem sempre os índices são aplicados. Na pandemia, quando o IGP-M chegou a 37% em 12 meses, você não viu o inquilino pagar mais de 37% no aluguel. O que a gente vê agora é um reajuste dos valores que não foram praticados em 2021 e 2011”, disse André Braz.
Segundo o economista, o mercado de locação está aquecido, dado que as taxas de financiamentos para novos imóveis estão elevadas, gerando uma indisposição do consumidor em comprar imóveis novos. Com isso, aumenta a demanda pelo aluguel, o que faz o preço do mesmo subir.