Especialistas debatem se a queda do dólar afetará positivamente os preços dos produtos no Brasil. Isso porque os bens importados, pagos em dólar, têm maiores altas quando a moeda americana sobe, mas dão uma trégua nos momentos em que ela baixa. Apesar disso, mesmo com a valorização do real, a inflação segue em alta no Brasil, o que levanta dúvidas sobre a economia brasileira.
Com isso, economistas acreditam que o dólar baixo ajuda, mas que não solucionará os problemas da economia. Segundo eles, o alto preço do petróleo e de outras commodities não ajudam na queda da inflação por aqui. Ainda, o cenário deve se manter durante os próximos meses.
O dólar está caindo
O dólar chegou a ficar cotado a abaixo da casa dos R$5,20 nesse ano de 2022. Com a disparada da moeda em 2021, a economia brasileira passou a retomar a confiança dos investidores estrangeiros, que voltaram a recorrer ao real para investir. Dessa forma, a moeda americana chegou a cair quase 7% no ano, o que mostra que o Brasil voltou ao mapa dos grandes aportes.
Para explicar essa baixa, é preciso olhar também para o cenário internacional. Nos Estados Unidos, a inflação bateu a casa dos 7%, a maior em mais de 40 anos. Com isso, o Federal Reserve, banco central de lá, precisará aumentar os juros, o que afasta os investidores desse mercado. Dessa forma, eles buscam mercados mais arriscados, como o brasileiro. Com isso, a moeda brasileira se valoriza, o que tende a diminuir os impactos da inflação nos preços dos bens.
Contudo, a economia está em outro momento. Isso porque economistas acreditam que, mesmo com o dólar mais baixo, a inflação deve seguir acelerando por aqui. A ideia básica é a de que as commodities, também muito importantes para o Brasil, seguem em alta, principalmente nas últimas semanas. Por isso, a alta desses preços supera a correção da moeda americana, o que não muda o cenário nacional.
As commodities não dão trégua
As grandes vilãs da economia brasileira seguem as mesmas do ano passado. As commodities sobem forte no mundo inteiro e, mesmo com a queda do dólar por aqui, pressionam os preços para cima no país. Isso porque o petróleo e o minério são a base para diversos produtos e também para processos de logística.
Desde o início do ano, o petróleo já operou em alta de quase 20%. Dentre as principais causas, estão a oferta bem acima da demanda suportada, além das tensões entre Estados Unidos e Rússia na fronteira da Ucrânia. Com isso, o Brent chegou a custar mais de US$95,00 o barril, um valor recorde para o produto. Ainda, alguns especialistas afirmam que o petróleo deve bater a casa dos US$100,00 antes de começar a ter os preços normalizados.
Por outro lado, o minério de ferro também opera em alta no ano, mesmo que tenha corrigido os preços nos últimos dias. A ideia é a mesma: a oferta maior que a demanda, principalmente por conta das sucessivas dificuldades da economia chinesa em abastecer esse mercado. Com isso, o IPCA deve continuar subindo, mesmo que o dólar opere em queda.