Um levantamento publicado nesta segunda-feira (28) pelos Instituto Combustível Legal (ICL) e do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) mostrou que, nos últimos 18 meses, quatro milhões de litros de combustíveis foram roubados de embarcações na região amazônica.
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De acordo com as entidades, grupos criminosos estão atuando com o objetivo de desviar os produtos, que são essenciais para abastecer cidades e gerar energia elétrica em locais desligados do sistema elétrico nacional. Hoje, os dois institutos se mobilizam para coibir a prática e defendem ações conjuntas das forças para combater os crimes na região.
Segundo as entidades, com 6.571 quilômetros de extensão, o Rio Amazonas, um importante sistema hidroviário, é visto como um caminho natural para escoar uma série de produtos. Conforme os institutos, por ano, 11 bilhões de litros de combustíveis são comercializados na região, sendo o transporte de insumos na região um grande desafio por conta da vulnerabilidade da segurança na região.
Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, Valéria Lima, diretora Executiva de Downstream do IBP, relatou que a questão de segurança no Rio Amazonas é desafiadora e vai além dos transportes de combustíveis, atingindo até mesmo embarcações de passageiros.
“Os combustíveis são alvo predileto do crime organizado, pois estamos transportando insumo essencial para aviação, para garimpo irregular, por exemplo. Mas temos que entender como afeta a sociedade em geral. Roubo de carga não é uma questão só do setor de derivados”, afirmou.
Por conta deste cenário, a diretora relata que os dois institutos defendem, atualmente, uma série de iniciativas que visam mitigar a prática. Entre elas, explica Valéria Lima, estão a integração de dados de inteligência entre autoridades e órgãos de fiscalização, a criação de forças-tarefa para combate aos crimes na região e leis mais punitivas e aparelhamento das forças de fiscalização.
“O objetivo é fazer integração maior do setor com as forças de segurança nacional. A segurança é participação de todos. Os setores produtivos têm que colaborar e iniciar um trabalho mais próximo e mais ativo com forças de segurança nacional”, afirmou a diretoria do IBP.
Hoje, esperando ações estruturais para mitigar os problemas, as transportadoras têm adotado serviços privados para garantir a segurança dos comboios fluviais. Por conta disso, os institutos criaram um manual visando orientar as empresas que optam pela contratação de escolta armada.
Segundo Carlo Faccio, diretor do ICL, também em entrevista ao jornal citado, as iniciativas vêm contribuindo para reduzir as ocorrências na região. Até julho deste ano, ocorreram nove tentativas de furtos, no entanto, apenas três, os roubos foram efetivados, sendo que em um dos casos a carga foi recuperada logo em seguida – em 2022, foram registradas a mesma quantidade de ocorrências, mas foram efetivados sete roubos.
Apesar da eficiência da segurança privada, Carlo Faccio também lembra que o ato encarece o custo para empresas, além de aumentar o risco de combates durante as tentativas de roubos, com a possibilidade de troca de tiros ou vazamento de combustíveis nos rios.
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