A Petrobras anunciou que o litro da gasolina e do diesel ficarão R$ 0,40 e R$ 0,44 mais baratos, respectivamente, às distribuidoras a partir desta quarta-feira (17). De acordo com a jornalista do canal “CNN Brasil” Daniela Lima, interlocutores do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a redução fará com que seja possível que o governo reabra seu diálogo com a classe média.
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Lula deixou claro que sua prioridade no começo de governo é o público que recebe em média um salário mínimo. No entanto, aliados ressaltam que o chefe do Executivo tem batido na tecla de que não irá trabalhar somente para essa camada da população.
Ao público que ganha até um salário mínimo, o governo anunciou recentemente o reajuste real do salário mínimo, o restabelecimento do Bolsa Família com penduricalhos e outros programas como o Minha Casa Minha Vida. Já a redução da Petrobras é um aceno mais claro ao eleitor que foi decisivo para derrotas do PT em anos anteriores, como em 2016: o da classe média.
De acordo com aliados de Lula, essa ação de diminuir o preço dos combustíveis não atrai necessariamente apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sim simpatizantes do “centro político”. Segundo esses interlocutores, a questão que fica agora é a durabilidade dessa “trégua”, que dependerá da efetividade da nova política de preços.
Por falar em política de preços, também nesta terça, assim como publicou o Brasil123, a Petrobras anunciou o fim da paridade de preços do petróleo, e também dos combustíveis derivados, como gasolina e diesel, com o dólar e o mercado internacional.
Desde a promulgação da regra, em 2016, o preço dos produtos citados no mercado interno estava acompanhando as oscilações internacionais, ou seja, não há intervenção do governo para garantir preços menores. Em nota, a empresa relatou que “os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.
Segundo a Petrobras, o chamado Preço de Paridade de Importação (PPI), que considerava o valor do petróleo no mercado global e custos logísticos como o fretamento de navios, as taxas portuárias e o uso dos dutos internos para transporte, dará lugar a uma nova “estratégia comercial”. Essa fórmula terá duas referências de mercado, sendo elas:
- O “custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação”;
- E o “valor marginal para a Petrobras”.
Esse custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos. Por outro lado, o valor marginal é baseado “no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”.
“Com a mudança, a Petrobras tem mais flexibilidade para praticar preços competitivos, se valendo de suas melhores condições de produção e logística e disputando mercado com outros atores que comercializam combustíveis no Brasil, como distribuidores e importadores”, afirma a empresa.
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