Ao contrário do que ocorreu na Câmara dos deputados o partido dos trabalhadores optou em apoiar a PEC dos precatórios no Senado. Mas como isso é possível? Por que o maior e mais importante partido de oposição ao presidente Jair Bolsonaro permitiu que cinco de seus senadores votassem a favor da PEC dos precatórios vulgo PEC do “calote”? Parece estranho, mas não é.
De acordo com as últimas pesquisas eleitorais prematuramente divulgadas, o índice de aprovação do governo Jair Bolsonaro está descendo ladeira abaixo, Paulo Guedes continua proferindo inverdades, e é incapaz de apresentar uma única alternativa para a crise econômica do país. Tudo isso caminha para um fracasso bolsonarista nas eleições de 2022, inviabilizando assim seu projeto de reeleição.
Ocorre que essa queda de aprovação acentuada de Bolsonaro não é interessante para o PT, pois sem a figura de Bolsonaro no próximo pleito para ser o grande alvo das críticas durante a campanha, “Lula e o PT passam a ser a bola da vez”. É estratégico para o ex-presidente que Bolsonaro se mantenha vivo e com fôlego até 2022, pois o PT precisa antagonizar com alguém. É certo que os demais candidatos apresentados irão pautar seus discursos nos erros de gestão do atual governo, contudo, se Bolsonaro não sair candidato as críticas tendem a se centrar em Lula e no PT, que após ter vencido quatro eleições consecutivas não terá o artifício da novidade, pois já foi muito experimentado.
Mas por que o PT votou contra a PEC dos precatórios na câmara, e a favor no Senado?
Na câmara o PT possui a maior bancada, o governo já sabia que a votação seria mais difícil na casa comandada por Arthur Lira (PP), mas articulou uma generosa liberação de emendas parlamentares aos deputados, visando a aprovação seu projeto. Por outro lado, o Partido dos Trabalhadores não poderia se furtar em exercer sua oposição naquele momento durante a votação da PEC, que nada mais é do que um projeto eleitoreiro disfarçado de benefício social, visando manter viva a candidatura de Bolsonaro para 2022.
Caso o PT não tivesse votado contra a PEC na Câmara dos deputados, passaria uma visão dúbia ao seu eleitor, em total contradição com as lutas históricas do partido. Mas votando a favor no Senado o risco não é o mesmo? Não, pois quem já havia conseguido convencer 323 deputados na câmara, com muito menos dificuldade conseguiria convencer pouco mais de 60 senadores, e dessa forma o PT pode alegar que votou a favor no Senado pois a PEC seria aprovada de qualquer maneira, se posicionando dessa forma poderia articular alguma mudança que pudesse mitigar os danos causados pela PEC, uma prática nada incomum dentro da oposição.
Assim, fica nítido que Lula e o PT precisam de Bolsonaro com fôlego até 2022, na visão dos petistas ele é o candidato ideal para disputar um possível 2º turno com o ex-presidente. Já Bolsonaro precisa continuar alimentando o sentimento antipetista que predomina entre seus eleitores, se mantendo como a principal figura de oposição ao antigo governo, e a PEC tem papel estratégico como um excelente argumento de campanha.
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Essa história de direita e esquerda é só conversa pra boi dormir. Todos iguais, vendilhões, só muda a cor da camisa.
O nacionalismo é a chave para o progresso, assim como foi no passado.🇧🇷