Deputados do PSOL que estão integrando a CPMI do 8 de janeiro apresentaram requerimentos para que fosse convocado os evangélicos que chegaram a relatar à Polícia Federal de terem viajado a Brasília para os atos golpistas através de ônibus fretados pelas próprias igrejas evangélicas. Os requerimentos foram apresentados pelos deputados Erika Hilton e Pastor Henrique Vieira. Depoimentos concedidos à PF mostram que evangélicos presos durante os atos golpistas afirmaram que ao menos três igrejas financiaram a viagem: Igreja Presbiteriano Renovada (MT), Igreja Batista de Maceió (AL) e Assembleia de Deus de Xinguara (PA).
Segundo o Pastor Henrique Vieira, um dos autores dos requerimentos de convocação, essa linha de investigação proposta pode beneficiar o segmento religioso. “Podemos distinguir as pessoas que têm uma fé generosa, amorosa e pacífica, daquelas que sequestram a religião, a espiritualidade e a fé para legitimar seus projetos de poder, violência e destruição da democracia”, afirmou o Deputado Pastor Henrique Vieira.
A CPMI do 8 de janeiro foi instalada no dia 25 de maio, tendo o deputado federal Arthur Maia (União) sido designado como presidente do colegiado, já a relatora da CPMI será Eliziane Gama (PSD). Segundo a relatora Eliziane Gama, os financiadores dos atos golpistas deverão ser o alvo principal do início das investigações da CPMI, o que deve viabilizar a aceitação do requerimento dos deputados do PSOL.
Plano de trabalho da CPMI
O objetivo da relatora Eliziane Gama era apresentar seu plano de trabalho em sessão marcada para a última quinta-feira, contudo, esta foi adida para a próxima terça-feira. Deverão ser discutidos durante a sessão os primeiros requerimentos de convocação para que possa ser iniciado o trabalho da comissão. Até então, já foram apresentados mais de 700 requerimentos à CPMI pelos parlamentares tanto da base aliada do governo federal quanto da oposição.
A base aliada do governo buscar focar a investigação nos bolsonaristas, pedindo a convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados. Por outro lado, os oposicionistas buscam usar a comissão para apontar falhas e responsabilidades da gestão do atual governo federal no dia 8 de janeiro. Contudo, o presidente da CPMI apontou em entrevistas que ainda não vê elementos o suficiente para convocar o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, a prestar depoimentos no CPMI.
Um dos pedidos dados como certos pela CPMI é a quebra de sigilo do relatório do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) sobre os atos do 8 de Janeiro. Uma das defensoras do pedido é a relatora Eliziane Gama, que, segundo ela, é necessário ter documentos para entender o que de fato aconteceu. “Precisamos ter efetivamente o que consta nesse relatório. Se houve de fato fraudes, rasuras ou coisas parecidas. Devemos ter o documento em mãos concretamente para que possamos fazer uma apresentação sobre o que efetivamente ocorreu”, comentou a relatora.
Existe uma suposição de que Gonçalves Dias teria adulterado o relatório enviado a Comissão de Inteligência do Congresso, mostrando que ele havia sido informado sobre os riscos de ataques violentos a Praça dos Três Poderes, em Brasília, no 78de Janeiro. O senador Espiridião Amin (PP) afirmou ter recebido o relatório e disse que de fato houve a adulteração.