Cerca de 1.350 carros e 243 prédios foram incendiados neste sábado (1), completando o quarto dia consecutivo de protestos na França, mais precisamente nas grandes cidades, incluindo Paris, Marselha e Lyon, depois que manifestantes atacaram dezenas de delegacias na noite passada.
Além disso, na cidade de Marselha, no sul da França, os manifestantes entraram em confronto com a polícia e saquearam várias lojas, inclusive de armamentos. Vale destacar que há 45.000 policiais mobilizados em todo o país, mas até agora não tiveram sucesso em conter a violência.
Morte do adolescente
A França foi abalada por uma onda de protestos depois que Nahel M., de 17 anos, foi baleado pela polícia perto de Paris na terça-feira. O vídeo do incidente filmado por um transeunte mostrou dois policiais do lado do motorista do carro, com um deles atirando no motorista, embora ele não parecesse estar em perigo imediato.
De acordo com a polícia, a mesma abriu fogo porque temia que o Nahel atropelasse alguém com seu carro. Vale destacar que, apesar dos pedidos de paciência de altos funcionários para permitir que o sistema de justiça siga seu curso, um número alto de policiais franceses continua a passar dos limites, especificamente em homens e mulheres negros.
Protestos se intensificam na França
A morte de Nahel provocou a proibição de manifestações em algumas cidades, alerta de viagens e reacendeu um debate sobre a força excessiva pela polícia, especialmente em áreas etnicamente diversas. Como resultado da morte do adolescente, surgiram cenas de pessoas ateando fogo a veículos e escalando prédios com janelas quebradas, enquanto a tropa de choque entrou em confronto violento com os manifestantes.
Os protestos, cujo assassinato pela polícia, desencadeou uma resposta à crise do presidente francês Emmanuel Macron, que convocou uma reunião de emergência com ministros na tentativa de superar as divisões e unir o país durante um segundo mandato.
Funeral de Nahel M. na França
Família e amigos se reuniram em uma mesquita em Nanterre, nos arredores de Paris, na tarde de sábado, para o funeral. Os repórteres no local relataram que a cerimônia foi grandiosa e pacífica, com as pessoas esperando em silêncio para o caixão deixar a mesquita e ser transportado para o enterro.
No exterior, centenas de habitantes locais, alguns com ramos de flores, vestiram camisas brancas, exigindo “justiça para Nahel”. Além disso, Nahel M., morto a tiros por um policial na França, foi lembrado por pessoas próximas como um “garoto tranquilo” que às vezes estava “no limite”, mas não era muito diferente de tantos outros jovens da periferia.
Críticas a Macron
O presidente francês, Emmanuel Macron, tem sido frequentemente acusado por oponentes de ser indiferente e inatingível, principalmente após ter sido flagrado em um show de Elton John na quarta-feira, enquanto prédios eram depredados e carros queimados em todo o país.
Um de seus principais opositores, Thierry Mariani, afirmou:
Enquanto a França pegava fogo, Macron não estava ao lado de seu ministro do interior ou da polícia, mas preferia aplaudir Elton John.
Em suma, com a visibilidade política ruim em toda a França, Emmanuel Macron resolveu culpabilizar a mídia local por alimentar a onda de violência no país, afirmando que a mesma desempenhou um papel significativo nos eventos dos últimos dias.