As projeções para a inflação do Brasil em 2021 subiram após divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O levantamento, realizado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é considerado a inflação oficial do Brasil e subiu 0,86% em fevereiro. No entanto, as projeções indicavam uma variação menor, de 0,70%. E isso acabou ligando o alerta para diversas instituições, que revisaram suas estimativas para cima.
Em suma, o Bank of America (BofA) subiu sua projeção de 4,0% para 4,6% em 2021. “Os aumentos de alimentos e bebidas, combustíveis e roupas explicam a surpresa de alta”, explicaram os economistas do BofA, David Beker e Ana Madeira, em relatório. De acordo com eles, a inflação deve continuar subindo, puxadas por preços mais caros de combustíveis e energia elétrica.
Contudo, o BofA não acredita que a variação chegará a níveis muito altos, visto que a ociosidade da economia brasileira tende a conter esse movimento. “A recuperação econômica está em andamento, mas em um ritmo gradual, com o hiato do produto que permanece muito amplo. A ‘folga’ no mercado de trabalho também deve seguir influenciando a inflação de serviços no sentido negativo, amenizando as pressões sobre o índice cheio. Os riscos de alta são: depreciação do real, preços de commodities e fiscais”, explicaram os economistas Beker e Madeira, em nota.
Outras instituições elevam suas projeções
Da mesma forma que o BofA, outras instituições também elevaram suas projeções para a inflação do Brasil em 2021. O J.P. Morgan, instituição líder mundial em serviços financeiros, aumentou de 4,3% para 4,5%. Aliás, eles estimavam que a variação em fevereiro ficaria em 0,69%. E, justamente por causa da surpresa que os dados apresentados hoje causaram, a instituição afirmou que deveria elevar a projeção, na verdade, para 5,1%.
Vale ressaltar que J.P. Morgan também subiu suas estimativas para março. Antes, indicavam que a inflação ficaria em 0,63%, agora, projetam uma variação de 0,93%.
Seguindo esse movimento, o banco Credit Suisse revisou sua inflação, de 4,8% para 5,1%, alegando que o resultado apresentado pelo IBGE reforçou o “forte impacto” do câmbio na inflação. Em resumo, o banco lembrou que essa alta ocorre, mesmo com a desaceleração da atividade econômica nos últimos meses, o que tende a limitar a alta da inflação.
Por fim, a Genial Investimentos aumentou sua estimativa de 3,7% para 4,1% para a inflação em 2021. A instituição citou a maior volatilidade e depreciação cambial, além da incerteza fiscal e do aperto das condições financeiras global, como fatores que impulsionaram esse movimento. Já a gestora Trafalgar apresentou uma visão mais otimista, em torno de 4%. “Agora, o importante é o filme ao longo do ano, que tem uma cara diferente. No ano contra ano, o IPCA deve acelerar para algo como 6,5%, 7%, antes de desacelerar”.
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