Dados revelados nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o varejo teve um desempenho fraco nas vendas no varejo em maio – segundo o instituto, houve uma queda mensal de 1,0% no conceito restrito e de 1,1% no comércio ampliado.
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Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, especialistas explicaram que essa queda reflete o momento de alto endividamento das famílias e ainda as condições apertadas de crédito. Nesse sentido, a expectativa é que haja uma recuperação nos próximos meses por conta do impacto das vendas de veículos motivada pelos estímulos ao setor dados pelo governo e pelo Desenrola, programa de renegociação de dívidas anunciado nesta sexta pelo governo federal.
De acordo com um relatório publicado pelo Santander Brasil, em termos gerais, os números de maio mostraram valores negativos tanto para os segmentos de renda, que caíram 4,3%, quanto para as atividades de crédito, que recuaram 3,8%.
Nessa esteira, o analista Gabriel Couto, do Santander Brasil, relata que foi um desempenho negativo para o varejo em maio. “O índice amplo teve a segunda queda importante consecutiva, que compensou parte de seus ganhos recentes, seguindo um desempenho fraco de materiais de construção”, disse ele ao jornal citado.
Em outro momento, o especialista explica que o indicador mostrou um comportamento misto, visto que cinco em cada dez atividades varejistas caíram na margem: vestuário (-3,3%) supermercados (-3,2%) e outros itens pessoais (-2,3%) foram os destaques no núcleo do índice. Móveis (-0,7%) também contribuíram negativamente.
Por outro lado, setores apresentaram alta, sendo eles: farmacêuticos (+2,3%), livros (+1,7%), combustíveis (+1,4%) e material de escritório (+1,1%). Segundo os números do IBGE, no índice amplo, os veículos tiveram um aumento de 2,1% no mês, o que acabou compensando, de forma parcial, a queda de 5,6% de abril.
De acordo com Gabriel Couto, a previsão é de que a atividade de varejo deve ter uma tendência de desempenho morno à frente. “Continuamos vendo sinais de desaceleração para a atividade ampla à frente, já que segmentos mais cíclicos indicam uma tendência contínua de desaceleração devido a condições financeiras altamente restritivas. Além disso, esperamos que o impacto positivo da safra recorde de verão se limite ao 1º trimestre e o início do 2º trimestre”, diz ele.
Já economista da CM Capital, Matheus Pizzani relata que, mesmo tendo surpreendido negativamente o mercado em termos de magnitude, os dados revelados nesta sexta pelo IBGE ficaram em linha com as expectativas para o indicador em termos qualitativos.
“Isso porque, quando analisado o comportamento dos principais grupos de sua composição, é possível ver que a retração de maio foi causada por quedas em grupos como móveis e eletrodomésticos e até mesmo tecidos, vestiário e calçados, componentes sensíveis ao ciclo econômico e consequentemente aos efeitos da política monetária do país”, explicou ele.
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