No começo da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que a Venezuela é “vítima de narrativa de antidemocracia e autoritarismo”. Além disso, o petista defendeu o ditador Nicolás Maduro, que voltou ao Brasil após oito anos e participou de um encontro com outras lideranças sul-americanas em Brasília na terça-feira (30).
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Nesta quarta-feira (31), o professor de direito internacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Lucas Carlos Lima, afirmou que, em sua visão, pode-se criticar o “entusiasmo” de Lula com a reaproximação. No entanto, deve-se destacar que o diálogo é necessário, pois uma política de isolamento não traz frutos ao Brasil.
Segundo o especialista, entre os frutos advindos da reaproximação está, por exemplo, o pagamento da dívida dos venezuelanos com o Brasil. Esse valor pode chegar a R$ 12,5 bilhões, incluindo os valores devidos diretamente ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Podemos criticar o entusiasmo do diálogo, mas o diálogo me parece, neste caso, necessário”, disse Lucas Carlos Lima durante uma entrevista concedida ao canal “CNN Brasil”. “Do contrário, nós não conseguimos exercer o mínimo de pressão para tentar recuperar a posição da Venezuela em relação a direitos humanos. Só poderemos fazer pressão se houver um canal de diálogo”, disse ele.
Ainda durante a entrevista ao canal citado, o professor da UFMG relatou que as relações com regimes pouco ou nada democráticos faz parte das relações internacionais há muito tempo. Nesse sentido, ele destacou que, atualmente, todas as potências têm hoje alguma proximidade com algum estado autocrático.
“É difícil, neste momento, algum estado no mundo poder apontar o dedo para o Brasil”, afirmou Lucas Carlos Lima, lembrando ainda que a própria composição do Brics conta com governos considerados autoritários, como Rússia, China e Índia.
O professor de direito internacional da Universidade Federal de Minas Gerais ainda ressaltou que o bom relacionamento dos países da América do Sul é fundamental para uma pauta em que o Brasil quer voltar a ser referência: o meio ambiente.
Por fim, além de destacar o tema meio ambiente, o especialista relatou que a reunião com líderes de 11 países sul-americanos em Brasília e, consequentemente, a boa relação com os vizinhos, pode contribuir para definições de políticas de segurança alimentar e de combate ao narcotráfico.
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