Tashnuva Anan Shishir, uma ativista de direitos que já trabalhou com ONGs que apoiam pessoas trans e imigrantes, apresentou seu primeiro boletim de notícias diário de três minutos para um canal de televisão na última segunda-feira (8), Dia Internacional da Mulher. Ela é a primeira âncora de telejornal transgênero de Bangladesh.
Entrando ao vivo em um canal bengali, Boishakhi News, ela disse no ar: “Isso pode ser revolucionário e criar uma nova dimensão no pensamento das pessoas”. A jovem de 29 anos foi selecionada para o cargo em uma audição recente organizada pelo canal de notícias.
Após receber várias semanas de treinamento intensivo na organização de mídia, ela finalmente estreou na nova função, por meio da qual espera promover a mudança na forma como a comunidade é vista no país.
Ela descobriu no início da adolescência que estava presa no corpo de um homem. Ela diz que foi abusada sexualmente e intimidada durante anos. “O bullying era tão insuportável que tentei o suicídio quatro vezes. Meu pai parou de falar comigo por anos”, conta Shishir, agora com 29 anos.
A apresentadora fugiu de casa em no distrito no sul de Balgladesh para viver sozinha na capital Daca e, em seguida, na cidade central de Narayanganj. Lá ela fez terapia hormonal, trabalhou para instituições de caridade e atuou no teatro, mas o tempo todo manteve os estudos. Em janeiro, Shishir se tornou a primeira pessoa trans a fazer um mestrado em saúde pública em uma das principais universidades de Daca.
Transgêneros em Bangladesh
De acordo com o governo, são cerca de 11.500 transgêneros em Bangladesh. No entanto, os defensores dos direitos LGBTQ dizem que o número real provavelmente é muito maior. Conforme os ativistas, são pelo menos 1,5 milhão em um país com uma população de cerca de 160 milhões de pessoas.
Em Bangladesh as pessoas trans enfrentam discriminação e violência e muitas vezes vivem como mendigos, do comércio sexual ou do crime. A comunidade LGBT enfrenta discriminação generalizada no país do sul da Ásia, com uma lei da era colonial ainda em vigor que pune em prisão o sexo gay, embora a aplicação seja rara.
O governo da primeira-ministra Sheikh Hasina permite, desde 2013, que as pessoas trans se identifiquem como um gênero diferente. Além disso, a estreia de Shishir na TV segue uma série de passos dados por empresas públicas e privadas para superar preconceitos contra a comunidade.