Conhecido como “Dom Pulo”, “Pé Gordo”, ou ainda “Jesus Lora”, o boliviano Jesus Einar Lobo Dorado, de 54 anos, que cumpre prisão preventiva em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, alegou, por meio de sua defesa, que sua condição de saúde impede a manutenção do criminoso no sistema prisional.
“Pé Gordo” é, segundo as autoridades brasileiras, um dos chefes de organização criminosa dedicada ao tráfico internacional de drogas, notadamente cocaína, do Peru e da Bolívia, para o Brasil. Ele chegou ao Brasil em maio deste ano, após passar quase dois anos foragido em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
Atualmente, ele está no presídio de Gameleira, que fica localizado entre a saída de São Paulo e a de Sidrolândia, em Campo Grande. Este presídio, inclusive, também é chamado de “Supermáxima”, pois não existem relatos de entrada ilegal de celulares, por exemplo.
Desde que chegou a sua nova casa, o boliviano tem pedido, através de sua defesa, que ele seja retirado da prisão. Segundo os defensores do traficante, ele tem mais de 170 kg, ou seja, sofre de obesidade mórbida. Não suficiente, os advogados alegam que ele tem diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca, episódios depressivos, transtorno de ansiedade fóbica e transtorno de angústia, traduzido como ataques de pânico.
Ainda conforme a defesa, a doença de “Pé Gordo” é psiquiátrica e se manifesta por meio da claustrofobia, isto é, medo de ficar em lugares fechados. Por fim, os advogados ainda dizem que o preso teve Covid-19 e apresenta sequela em um dos pulmões.
“A cada dois dias, aproximadamente, tem sua saúde colapsada e é encaminhado à enfermaria da Penitenciária, uma vez que óbvio, inexiste uma estrutura hospitalar para um tratamento e monitoramento contínuo de sua debilitada saúde”, disse a defesa do boliviano durante o pedido de habeas corpus impetrado Supremo Tribunal Federal (STF).
STF negou o pedido de “Pé Gordo”
Apesar das justificativas, o habeas corpus foi negado pela ministra Carmen Lúcia, que detalha que a prisão de “Pé Gordo” foi pedida pela Polícia Federal (PF) em dezembro de 2017, com base “em extensa investigação policial, na qual o requerente foi apontado como o fornecedor de droga de diversos traficantes nacionais”.
Até o momento, todas as tentativas de liberdade ou semiliberdade, como a prisão domiciliar, foram rejeitadas, tanto em primeiro grau quanto no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o segundo grau na esfera federal do Acre, no STJ e no Supremo.
Não suficiente, as peças processuais citam o traficante como alguém que, caso esteja em liberdade, pode atrapalhar as apurações e voltar a cometer crimes. Quando houve a prisão, o fato foi notificado pela Interpol, que havia colocado Jesus Einar na chamada “divisão vermelha”, status conferido aos procurados mais perigosos.
Por fim, em nota, a Agência de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) informou que o detento Jesus Einar Lima Lobo Dorado se encontra, atualmente, em uma cela para Portadores de Necessidades Especiais (PNEs) junto com um outro preso, que não teve seu nome revelado.
De acordo com a Agepen, “Pé Gordo” faz acompanhamento médico regular e tratamento da obesidade, diabetes e hipertensão. Além disso, ele também recebe acompanhamento psiquiátrico por causa da claustrofobia. Sobre a Covid-19, a agência afirma que ele “já recebeu a primeira dose da vacina contra o vírus e está aguardando o prazo para receber o reforço”.
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