O vazamento de informações sigilosas proporcionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) continua em foco, ainda mais depois que ele se recusou a ir depor à Polícia Federal (PF). Nesta terça-feira (01), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse que a publicação ilegal dessas informações secretas “auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo”.
De acordo com o ministro, “faltam adjetivos para a atitude deliberada de facilitar ataques criminosos”. A declaração de Barroso foi feita em uma cerimônia virtual que marcou a abertura dos trabalhos do tribunal em 2022. No encontro, o ministro relembrou o caso de Bolsonaro, que divulgou em suas redes sociais um inquérito da PF que apura um suposto ataque ao sistema interno do TSE em 2018.
Apesar de o próprio tribunal já ter revelado que esse ataque não representou qualquer risco às eleições. Bolsonaro divulgou o inquérito sobre o tema e deu a entender que o sistema eleitoral não é seguro. Por conta disso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a PF investigasse se existiram ou não indícios de crime na conduta do presidente – a corporação afirma que sim.
A citação de Barroso a Bolsonaro aconteceu na hora que ele falava sobre a comissão de transparência eleitoral criada com o intuito de fiscalizar os testes das urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições deste ano. De acordo com o chefe do Tribunal Superior Eleitoral, tudo no órgão é transparente.
“Somos transparentes, mas não ingênuos. Sempre lembrando que informações sigilosas foram fornecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação e acabaram sendo vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos”, disse Barroso.
Conforme diz o presidente do TSE, o chefe do Executivo vazou a estrutura interna da tecnologia da informação do tribunal. “Tivemos que tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos. Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos”, declarou o ministro.
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