Joseli Parente Camelo, presidente do Supremo Tribunal Militar (STM), afirmou nesta segunda-feira (19), durante entrevista ao canal “Globo News”, que o tenente-coronel Mauro Cid era o “muro das lamentações” do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), de quem ele desempenhava a função de ajudante de ordens.
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“O ajudante de ordens […], como ele está muito próximo da autoridade, acaba sendo o muro das lamentações”, disse Joseli Camelo sobre a relação de Bolsonaro com Mauro Cid, Braço-direito do ex-presidente, que, assim como publicou o Brasil123, foi preso em maio suspeito de participar de um esquema para criar comprovantes de vacina contra a Covid-19 falsos para o ex-presidente, para si próprio e para familiares de ambos.
Durante a entrevista, o presidente do STM comentou sobre o documento com instruções para um golpe de Estado encontrado no celular de Mauro Cid. Na ocasião, ele afirmou que é grave “tratar de golpe, de ir contra a democracia”. Todavia, ele ressaltou que é preciso aguardar a investigação e o julgamento do caso antes de tirar conclusões. “Realmente, os indícios de [planejamento de] golpe (…) foram fortes, mas temos que dar a oportunidade de todas as pessoas se defenderem”, disse ele,
Nos últimos dias, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), juntamente com integrantes do Ministério da Defesa, estão avaliando que a situação do tenente-coronel Mauro Cid é “insustentável” e ele deve, desta forma, ser expulso do Exército. Militares, apesar de admitirem a possibilidade, ressaltam que isso poderá acontecer somente depois de uma eventual condenação e do cumprimento dos ritos administrativos da caserna.
Presidente do STF é contra militares na política
Em outro momento, o presidente do STM contestou a participação de militares da ativa na política, dizendo que isso “é muito prejudicial”. Para ele, “é muito salutar que um militar queira ser candidato”, mas que idealmente ele deveria se afastar das Forças Armadas para seguir a vida política.
Segundo Joseli Camelo, essa participação de militares na política foi incentivada por Bolsonaro, e casos com o de Eduardo Pazuello, que participou de ato político com o ex-presidente enquanto ainda estava na ativa, reforçam a ideia de que “militares não podem estar na política”. “Não foi bom, pois acabou, de certa forma, levando um certo contágio para aqueles militares estavam na ativa em suas atividades”, afirmou ele.
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