Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), condenou nesta quarta-feira (16) os ataques feitos por apoiadores do presidente da República Jair Bolsonaro (PL), contra ministros da corte que estão em Nova York, nos Estados Unidos. De acordo com ela, a liberdade de expressão prevista na Constituição “não abriga agressões e manifestações que incitem ódio e violência, inclusive moral”.
“A tolerância, é harmonia na diferença. Não é apenas um dever moral, como também uma exigência política. A tolerância é virtude que faz possível a paz e contribui para substituir a cultura da guerra, pela cultura da paz”, afirmou a ministra.
O discurso de Rosa Weber aconteceu no momento em que ela fazia uma declaração em referência ao Dia Internacional da Tolerância, que foi celebrado nesta quarta. Na ocasião, ela criticou as intimidações a ministros do STF dizendo que o Tribunal “repudia os ataques”.
“A democracia, fundada no pluralismo de ideias e opiniões, a legitimar o dissenso, mostra-se absolutamente incompatível com atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão”, afirmou a presidente do STF, relatando ainda que “não é concessão, condescendência ou indulgência, mas sim uma atitude ativa de reconhecimento dos direitos humanos universais e das liberdades fundamentais dos outros”.
Por fim, ainda em seu discurso, a presidente do STF relatou que o exercício da tolerância é premissa fundamental para a “concretização dos fundamentos da nossa República”. “Em especial a dignidade da pessoa humana e o significado da noção de pluralismo, que compõem o estado democrático de direito”, finalizou ela.
Ministros do STF atacados
Assim como publicou o Brasil123, ministros da corte foram atacados verbalmente por apoiadores de Bolsonaro. Luís Roberto Barroso, por exemplo, foi abordado por um apoiador do presidente que perguntou se o ministro “vai responder às Forças Armadas”.
“Vai deixar o código-fonte ser exposto? Brasil precisa dessa resposta, ministro, com todo respeito”, questionou o apoiador, que foi prontamente respondido por Barroso, que disse: “Perdeu, mané, não amola”.
Além deste episódio, ministros foram abordados por manifestantes com bandeiras do Brasil e cartazes com mensagens antidemocráticas na frente de um hotel em Nova York. Na ocasião, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski foram chamados de “ladrão”, “bandido” e “vagabundo”.
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