O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Congresso Nacional, esclareceu nessa segunda-feira (12) que não pretende discutir o processo eleitoral de 2022. Ao que parece, Pacheco está sendo cotado como uma possível opção nas pesquisas de intenção de voto à Presidência da República. Para justificar sua decisão, ele ainda disse que “meu compromisso é com a estabilidade do país, e isso exige foco nos muitos problemas que ainda temos em 2021”.
Entretanto, ele não entrou em maiores detalhes sobre suas pretensões à presidência da República em 2022. Até o momento, Pacheco não tem sido um nome relevante nas pesquisas de intensão de voto. Por exemplo, no Estado de São Paulo, o representante do Congresso conquistou menos de 1% dos eleitores.
Processo eleitoral de 2022
É quase certo que Lula (PT) e Bolsonaro (sem partido) disputem a presidência em 2022. Se isso acontecer, existe uma grande chance de os dois candidatos irem juntos para o segundo turno, o que desagrada boa parte dos políticos e dos eleitores. Por esse motivo, partidos de centro-esquerda e de centro-direita estão procurando uma terceira via para fazer frente a esses dois candidatos.
Alguns nomes importantes, como FHC, já falaram o que pensam sobre a terceira via. Para o ex-presidente, essa nova opção precisará ser polarizada para alcançar o público necessário. Por outro lado, na visão de Bruno Araújo, presidente do PSDB, o essencial é conquistar a “maioria silenciosa”, as pessoas que não querem a volta de Lula, mas não querem reeleger Bolsonaro.
De acordo com a última pesquisa de intenção de votos, esses dois possíveis candidatos estão tecnicamente empatados. Segundo pesquisas do instituto Ipec divulgadas em 25 de junho, pelo menos um terço das pessoas que votaram em Bolsonaro em 2018 não votariam nele de novo. Apenas 44% dos eleitores do atual presidente afirmam que votariam nele outra vez. Ao que tudo indica, pelo menos 38% desses ex-bolsonaristas agora tendem a simpatizar mais com Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. As pesquisas do Ipec também mostraram que rejeição do governo Bolsonaro aumentou consideravelmente nos últimos tempos.
Por outro lado, quase não há arrependimento entre os eleitores de Haddad. Apenas 4% de seus eleitores dizem que votariam em Bolsonaro e, para 93% deles, não há nenhuma chance de apoiar a reeleição do atual presidente. Em outras palavras, o antipetismo não é mais um unificador a favor de Bolsonaro, mas certamente o antibolsonarismo continua sendo o foco de muitos eleitores.
Negociando a terceira via
Apesar do desejo de encontrar um candidato forte o bastante para enfrentar esses dois nomes em 2022, as divergências entre os partidos estão sendo um problema para a negociação.
Pablo Vieira, cientista político pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), explicou que “O que faltou para esses nomes de centro foi a definição de um programa mínimo de governo e de convergências. As articulações travaram quando todos os nomes estavam dispostos a ser esse candidato único e angariar todos os apoios, mas me parece que nenhum pretendia abrir mão do seu próprio nome para apoiar o outro”.
Até o momento, alguns nomes já foram levantados para o processo eleitoral, como é o caso de Pacheco; porém, não é nada que tenha a capacidade de personificar a tão sonhada terceira via. Aparentemente, o único consenso entre esses partidos é que, pelo menos no primeiro turno, nenhum deles apoiará Lula ou Bolsonaro.