Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirmou nesta sexta-feira (25) que pretende propor um “desenrola dos investimentos”, uma referência ao Desenrola Brasil, programa criado pelo governo federal para que os cidadãos possam renegociar suas pendências – segundo o chefe do BNDS, a ideia seria a conversão de parte da dívida ativa de empresas com a União em investimentos.
Essa declaração de Aloizio Mercadante aconteceu enquanto ele participava do fórum realizado no Guarujá, no litoral paulista, pelo grupo Esfera Brasil. Na ocasião, o presidente do BNDS afirmou que a ideia é oferecer às empresas algo parecido com o Desenrola.
“Quero propor outro Desenrola no Brasil, um Desenrola dos investimentos. Vamos transformar um pedaço da dívida ativa, que o Estado não consegue cobrar, em investimentos”, sugeriu Aloizio Mercadante, explicando ainda que, se por um lado o intuito do Desenrola Brasil é permitir que as pessoas negativadas possam renegociar suas dívidas para voltar a contratar crédito e, assim, consumir, o “outro Desenrola” tem o objetivo de conseguir investimentos do setor produtivo.
Essa ideia chegou ao Tribunal de Contas da União (TCU), visto que o ministro e presidente do TCU, Bruno Dantas, estava no local. Na ocasião, ele questionou se o modelo atual de cobrança da dívida ativa é eficiente. “Temos de pensar em uma fórmula para resolver esse passivo”, disse o presidente da corte, completando ainda que, atualmente, a dívida ativa com a União é de aproximadamente R$ 2 trilhões – esses recursos são aqueles que o governo não consegue recuperar, ou seja, deixam de entrar nos cofres do Tesouro.
Depois de sua participação no evento, Aloizio Mercadante concedeu uma entrevista coletiva dizendo que deixou o fórum “bastante motivado” pelo respaldo do presidente do TCU que, segundo ele, terá papel-chave caso o programa avance.
“O Estado não consegue cobrar, as empresas não pagam, mas têm de jogar esse passivo fiscal nos balanços, aumentando a dificuldade das empresas em se financiar. Todos perdem”, argumentou o presidente do BNDES, completando ainda que, “em vez de continuar nesse impasse, temos de pensar o ‘Desenrola Empresa’ para também alavancar o investimento”.
Durante sua passagem pelo local, o chefe do BNDS ainda relatou que o banco público está aumentando os desembolsos sem recorrer a subsídios do Tesouro. Nesse sentido, Aloizio Mercadante detalhou que a demanda por financiamentos da instituição financeira mais do que dobrou neste ano, alta de 137%, enquanto os desembolsos do banco subiram 31% no acumulado até julho. “Agosto já está mais forte do que julho”, revelou ele.
Leia também: Governo Federal terá modelo do Enem para Concurso Público