O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (27) que o “pior momento” da inflação no Brasil já passou. A saber, a inflação oficial do país é dada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), pesquisado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em resumo, o IPCA desacelerou em maio, mas a taxa anual continua muito elevada. Nos últimos 12 meses encerrados em maio, a taxa ficou em 12,04%, superando em muito a meta central para a inflação em 2022, de 3,5%.
A declaração de Campos Neto ocorreu no X Fórum Jurídico de Lisboa. O evento foi organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
“A gente ainda tem no Brasil um componente de aceleração de inflação. Os últimos dois números foram, acho que pela primeira vez, dentro da expectativa. A gente acha que o pior do momento da inflação no Brasil já passou”, disse o presidente do BC.
Projeção do BC indica estouro da meta da inflação em 2022
Embora Campos Neto tenha revelado que o pior momento já passou, as expectativas para este ano não são muito positivas. De acordo com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC projeta uma inflação em 8,8% neste ano.
Em suma, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu em 2020 que a meta da inflação em 2022 seria de 3,5%. Como há uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, a taxa inflacionária no país pode oscilar entre 2,00% e 5,00% que ainda cumprirá formalmente a meta. Contudo, a expectativa é que a inflação suba bem mais que isso.
Campos Neto destaca atuação do BC
No evento, o presidente do BC aproveitou para elogiar a atuação do BC no enfrentamento da inflação elevada no país. A saber, o principal instrumento da entidade financeira para controlar a taxa inflacionária é a Selic. E o BC elevou a taxa 11 vezes consecutivas desde março do ano passado, fazendo a taxa subir de 2,00% ao ano para 13,25% ao ano.
“Acreditamos que a nossa ferramenta é capaz de frear esse processo inflacionário, e vai frear esse processo inflacionário. E a gente acha que grande parte do trabalho já foi feito”, disse o presidente do BC.
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