O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (11) que a inflação do país foi uma “surpresa” para a entidade financeira. A saber, a inflação oficial do país corresponde ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), pesquisado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em resumo, o IPCA variou 1,62% no mês passado, maior taxa para março desde 1994, ou seja, em 28 anos. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em março, a taxa passou de 10,54% para 11,30%. Nesse caso, o nível acumulado em 12 meses é o mais elevado desde outubro de 2003 (13,98%).
De acordo com o IBGE, o grupo transportes impactou o IPCA em 0,65 ponto percentual no mês passado. Isso ocorreu devido ao aumento nos preços dos combustíveis (6,70%), com destaque para a gasolina, que disparou 6,95% em relação a fevereiro.
Já o grupo alimentação e bebidas influenciou o IPCA em 0,51 ponto percentual em março. Nesse caso, o maior destaque foi o tomate, cujo preço saltou 27,22%. A cenoura também vem contribuindo para as altas taxas do grupo.
“A gente teve um índice mais recente que saiu, que foi uma surpresa. Me causou até alguma surpresa, a gente tinha mencionado que a gente estava vendo uma velocidade da passagem do combustível para a bomba um pouco mais rápida, e que esse próximo índice seria um pouco maior e o próximo [de abril] um pouco menor”, disse Campos Neto.
“Parte foi isso, mas teve outros elementos, como vestuário e alimentação fora do domicílio, que vieram uma surpresa grande”, acrescentou o presidente do BC durante uma palestra.
Queda recente do dólar ainda não foi totalmente repassada aos preços
Campos Neto admitiu que a inflação do país está muito elevada. “A realidade é que nossa inflação está muito alta, o núcleo está muito alto”, disse.
Contudo, ele afirmou que a recente queda do dólar ainda não foi totalmente repassada para os preços. A saber, a cotação do dólar afeta diversos produtos importados, como boa parte do trigo consumido no país em pães, bolos e biscoitos.
“A gente tem tido fluxo de entrada de recursos no país. Parte da melhora do câmbio a gente acha que ainda não está refletida nos índices de preços, de inflação”, disse o presidente do BC.
Por fim, ele afirmou que, quando a desvalorização do dólar chegar integralmente aos preços, a inflação poderá desacelerar.
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