O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, publicou nesta terça-feira (10) uma carta aberta, explicando os motivos que fizeram a inflação estourar a meta em 2022. A saber, a taxa inflacionária superou a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) pelo segundo ano consecutivo.
De acordo com Campos Neto, os principais fatores que pressionaram a inflação em 2022 foram os seguintes:
- Forte aumento dos preços de “bens transacionáveis”, especialmente as commodities;
- Encarecimento da energia elétrica com a criação da bandeira escassez hídrica;
- Desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos;
- Gargalos nas cadeias globais de produção.
“As pressões sobre os preços de commodities e nas cadeias produtivas globais refletem as mudanças no padrão de consumo causadas pela pandemia, com parcela proporcionalmente maior da demanda direcionada para bens e impulsionada por políticas expansionistas”, informou o presidente do BC, na carta.
“Esses desenvolvimentos, que ocorreram em nível global, geraram excesso de demanda em relação à oferta de curto prazo de diversos bens, causando um desequilíbrio que, em diversos países e setores, foi exacerbado por falta de mão-de-obra, problemas logísticos e gargalos de produção”, acrescentou.
No documento, o presidente do BC faz ponderações, afirmando que o aumento da inflação em 2021 não atingiu apenas o Brasil, mas foi um “fenômeno global, atingindo a maioria dos países avançados e emergentes”, disse.
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Inflação estoura a meta pelo segundo ano consecutivo
A saber, a inflação no Brasil estourou a meta pelo segundo ano consecutivo. A saber, a taxa acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no ano passado, chegou a 5,79%, superando o limite de 5,00% definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em síntese, a entidade define uma meta central para a inflação em cada ano. Além disso, o CMN também determina um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa. Assim, valores que oscilem nesse intervalo indicam que a inflação foi formalmente cumprida.
No ano passado, a taxa inflacionária poderia variar entre 2,00% e 5,00% que, ainda assim, seria cumprida. No entanto, o valor superou essa faixa, mesmo com a sanção de uma lei complementar que limitou a cobrança do ICMS sobre diversos itens, incluindo combustíveis, que exercem grande impacto no IPCA.
Embora tenha estourado a meta pelo segundo ano, vale destacar a desaceleração da inflação. A título de comparação, a inflação ficou em 10,06% em 2021, variação bem maior que a do ano passado. Aliás, essa foi a maior taxa anual desde 2015 e superou em quase duas vezes o limite definido para 2021, de 5,25%.
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