Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou neste domingo (27) que o mercado, atualmente, não é não é de direita, muito menos de esquerda. A declaração, feita durante um evento promovido pela organização Esfera Brasil, acontece após as reações negativas do mercado à indefinição do plano econômico da gestão do chefe do Executivo eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O mercado é uma engrenagem de preços. E o preço do mercado é importante porque diz como, onde e quando alocar os recursos”, disse Campos Neto, relatando ainda que houve um gasto global muito alto na pandemia da Covid-19.
Segundo ele, a pandemia elevou a dívida dos países e ainda alertou que há uma questão sobre como se chegar a um equilíbrio fiscal de longo prazo. Isso, sabendo que ainda é preciso atender a questão social na distribuição de renda para os mais necessitados.
“A preocupação em relação à inflação no mundo vai diminuir um pouco, mas é preciso haver coordenação entre as políticas monetária e fiscal. Você não quer estar subindo os juros de um lado e de outro o fiscal ser expansivo, porque no final você entra em trajetória de colisão”, avaliou o presidente do Banco Central.
No evento, que contou com a participação do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), Campos Neto também argumentou que muitas das reformas feitas nos últimos anos deixaram um legado e acabaram afetando a oferta.
“Precisamos entender que juros não é causa, é consequência. Nenhum banqueiro central quer ter juros altos, a gente quer ter juro baixo”, explicou ele, completando que o crescimento sustentável resume o grande desafio para a economia nos próximos anos.
“Precisamos trazer isso para a nossa agenda. A gente precisa democratizar o sistema financeiro, gerar inclusão e educação financeira. E fizemos várias reformas no mercado de capitais”, disse o presidente do Banco Central, completando que o Brasil precisa colocar tecnologia para reduzir barreiras de entrada no sistema financeiro. “A gente precisa avançar em sustentabilidade climática”, finalizou.
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