Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, esteve nesta quinta-feira (10) no Senado Federal para apresentar o relatório de inflação e o relatório de estabilidade financeira da instituição. Na ocasião, ele afirmou que a taxa de juros será mais baixa, no futuro, caso as metas do arcabouço fiscal, isto é, da nova regra para as contas públicas, forem atingidas.
“Mas eu estou de acordo que a gente precisa agora correr atrás de um equilíbrio fiscal [para as contas públicas], e o plano desenhado, se a gente atingir as metas fiscais, a gente também vai atingir com certeza juros mais baixos e mais estáveis daqui para frente”, declarou Campos Neto na sessão no plenário Senado.
Essas metas que foram citadas pelo presidente do Banco Central preveem que, no ano de 2024, o déficit nas contas do governo, isto é, receitas menos despesas sem contar juros da dívida pública, será zerado em 2024, voltando ao azul a partir de 2025.
Assim como vem relatando o Brasil123, com o objetivo de atingir as metas fiscais, o governo federal tem adotado medidas que visam aumentar a arrecadação. Hoje, existe a estimativa, por parte da área econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é preciso um incremento de receita acima de R$ 100 bilhões para zerar o rombo das contas públicas no próximo ano.
O governo diz que é possível, mas o mercado financeiro tem sinalizado que não acredita que isso irá acontecer – um estudo feito em julho pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda com instituições financeiras mostrou que a projeção é de um déficit nas contas do governo de R$ 82 bilhões em 2024.
“O governo diz que vai fazer um fiscal melhor à frente, mas o mercado não põe isso no preço. As previsões do mercado estão piores do que o arcabouço. À medida que forem passando as medidas de mais receita, isso vai melhorar”, disse o presidente do Banco Central.
Esse arcabouço fiscal citado por Campo Neto foi aprovado em maio pela Câmara dos Deputados e em junho pelo Senado. No entanto, como houve alteração no texto quando o projeto passou pela segunda Casa, será preciso uma nova votação por parte dos deputados.
Até o momento, ainda não existe uma data para que a votação seja feita. No começo da semana, o jornalista Gerson Camarotti, da “TV Globo”, afirmou que Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, decidiu não pautar a votação, pelo menos por enquanto, por conta de críticas de líderes à articulação política do governo.
Leia também: Governo pode voltar atrás e impor imposto em compras internacionais abaixo de US$ 50