Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou nesta terça-feira (15) que, em sua visão, o país pode aprender com a “sequência de erros da Argentina”. A declaração aconteceu enquanto o chefe da Instituição financeira comentava sobre os três principais erros do Estado vizinho: retirar a autonomia do BC, revisar a meta de inflação e ausência de ajuste fiscal.
Juros rotativos Nubank: quanto você paga e por que evitar
“O Brasil pode aprender várias coisas com a Argentina, e a sequência de erros deles. A primeira foi desrespeitar a autonomia do Banco Central. Depois desrespeitar o sistema de metas e reajustar (a inflação) para cima. A terceira foi o ajuste fiscal foi muito lento que no final, não teve”, disse ele, completando que “acabou com a percepção de falta de autonomia do BC e a falta de regramento monetário, gerou uma inflação em espiral”.
Essas declarações foram feitas por Campos Neto durante uma reunião na Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE). Na ocasião, ele também comentou que, em sua visão, o sistema na Argentina “é muito complexo” e que as pessoas “perderam confiança total na moeda”.
Nesse sentido, ele tornou a dizer que a vitória do candidato de extrema-direita Javier Milei, que foi o mais votado no país, teve relação com a preocupação dele sobre a inflação. “O candidato que acabou se saindo melhor é o que atendeu esse apelo das pessoas, foi o que disse ‘vamos cuidar da inflação’. Foi o candidato que batia de fato na questão da inflação”, afirmou.
“ Alguns outros candidatos batiam mais de forma indireta. Mas, quando olhamos as pesquisas, o que as pessoas hoje não aguentam mais na Argentina é o tema da inflação que tá muito descontrolado”, disse Campos Neto.
Em outro momento do evento, ainda em seu discurso, o presidente do Banco Central comentou sobre a dolarização da moeda argentina. Na visão do chefe da instituição, o tema é difícil de se começar.
“É você confiar que a moeda vai ser igual ao dólar. Para fazer isso, tem que ter dólar de reserva, se não, não consegue fazer esse processo”, disse ele, lembrando que as reservas argentinas são negativas.
“São menos US$ 5 bilhões, tanto é que não conseguiram honrar o acordo com o FMI e tiveram que pedir dinheiro. É complicado de forma inicial, mas eu entendo e vejo que seguramente pode ser uma saída”, disse o Campos Neto.
Leia também: Ipea aponta deflação para famílias de renda muito baixas