O presidente da Itália pediu ao ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que formasse um governo apolítico em meio à crise política do país por causa dos fundos de recuperação econômica por causa da pandemia do novo coronavírus.
Draghi, de 73 anos, se encontrou com o presidente italiano Sergio Mattarella por pouco mais de uma hora nesta quarta-feira (3). O encontro ocorreu depois de dias de negociações entre os partidos políticos, que não conseguiram produzir uma coalizão governamental.
O ex-chefe do BCE, Draghi, foi apelidado de “Super Mario” e é creditado por ter desempenhado um papel importante na preservação do euro, a moeda comum da Europa, durante a crise da dívida. Ele também foi anteriormente governador do Banco da Itália. Agora, ele tem a missão de formar um governo técnico para comandar o país.
Itália terá ‘governo técnico’
Mattarella disse aos italianos na noite de terça-feira (2) que eles não tinham escolha a não ser formar um governo tecnocrático. “Existem agora dois caminhos alternativos: dar à luz imediatamente um novo governo capaz de enfrentar as graves emergências atuais, de saúde, sociais, econômicas e financeiras, ou a outra forma de eleições antecipadas imediatas”, afirmou.
Embora reconheça que uma eleição parlamentar é um importante “exercício de democracia”, ele disse que formar um governo levará muito tempo. “Isso significaria manter nosso país com um governo que não funcionou durante meses decisivos para o combate à pandemia, para usar os fundos europeus e para enfrentar as graves questões sociais”, completou.
A Itália tem o segundo maior número de mortes na Europa, com mais de 89 mil óbitos e mais de 2,5 milhões de casos desde o início da crise sanitária. Em 2020, o Produto Interno Bruto da Itália caiu 8,8% e quase 450 mil empregos foram perdidos, conforme divulgou nesta semana a agência nacional de estatísticas ISTAT.
A atual crise política resultou da retirada de Matteo Renzi e do partido dele da atual coalizão de governo devido ao uso de mais de 200 milhões de euros em fundos da União Europeia como recuperação da recessão provocada pela Covid-19. A medida levou o primeiro-ministro Giuseppe Conte a renunciar ao cargo, apesar de sobreviver a dois votos de confiança no parlamento.