Omar Aziz (PSD), senador que presidiu a Comissão de Inquérito Parlamentar da Covid-19, que teve como foco investigar as ações e omissões do governo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), afirmou neste domingo (12), em entrevista ao canal “CNN Brasil”, ser favorável à abertura de uma comissão com foco em apurar o caso das joias enviadas ao ex-chefe do Executivo.
De acordo com Omar Aziz, que hoje é presidente da Comissão de Transparência e Fiscalização do Senado, “o ex-ministro Bento Albuquerque tem que explicar por qual motivo ele foi portador de objetos tão valiosos”. “Por que ele não declarou as joias?”, questionou o parlamentar, que ainda defendeu que seja feita uma investigação com foco em apurar se a venda de uma refinaria da Petrobras a um grupo dos Emirados Árabes tem relação com o envio das joias.
“Todas as avaliações feitas dessa refinaria estavam acima do preço vendido. É papel do Senado investigar a venda”, começou o senador. “Temos muitas perguntas sem respostas e o ex-presidente Bolsonaro tem que se posicionar“, completou ele durante a entrevista.
O caso das joias
Assim como publicou o Brasil123, ao todo, foram dois pacotes com joias vindos da Arábia Saudita e endereçados a Bolsonaro e sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O primeiro tinha um colar de diamantes, brincos e um relógio feminino e foi apreendido, em outubro de 2021 junto com o então assessor do ministro das Minas e Energia, Marcos Soeiro.
De acordo com a Receita Federal, essas joias foram avaliadas em R$ 16,5 milhões, sendo que, na ocasião, auditores da entidade exigiram que fosse pago imposto para que a comitiva do ministério entrasse com os itens no Brasil. Como não houve o pagamento, as joias foram retidas no país, um procedimento burocrático que antecede a apreensão.
PF pode pedir prisão de Bolsonaro
De acordo com as informações, investigadores da Polícia Federal (PF) estudam pedir a prisão de Bolsonaro. Isso, caso ele não volte ao Brasil até abril – o ex-chefe do Executivo está, desde o final do ano passado, na cidade da Flórida, nos Estados Unidos.
Hoje, a avaliação dos agentes da corporação é que a continuação de Bolsonaro em solo americano configurará “evasão do distrito da culpa” – previsto no artigo 302 do Código de Processo Penal, a situação é considerada uma justificativa para um pedido de prisão cautelar de uma pessoa investigada.
Hoje, Bolsonaro é alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) em vários inquéritos. No entanto, o sobre o suposto envolvimento nos atos antidemocráticos de 08 de janeiro, quando seus apoiadores radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, e o mais recente, sobre as joias vindas da Arábia Saudita, complicaram a vida do ex-presidente.
No sábado (11), o Brasil123 publicou uma matéria relatando que, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, a PF pode chegar em Bolsonaro por duas vias. A primeira é por conta dos atos de 08 de janeiro, mas a avaliação é de que este caminho deve ser mais lento, pois as provas ainda não chegaram, de fato, ao ex-presidente. No entanto, na via que tem o caso das joias, o nome de Bolsonaro já está vinculado às provas, sendo preciso agora, segundo uma fonte ouvida pelo jornal, “aguardar a coragem por parte do sistema de Justiça”. “O flagrante está dado”, disse a pessoa vinculada às investigações.