A autorização que o Conselho de Administração da Petrobras deu à diretoria da estatal para reajustar os preços dos combustíveis continua repercutindo no país. A saber, a empresa deverá anunciar a terceira alta do diesel em 2022, pressionando ainda mais a renda de quem utiliza o combustível no Brasil.
Após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que um reajuste evidencia “interesse político”, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também criticou a empresa. Em suas redes sociais, ele chamou a estatal de “inimiga do Brasil” e prometeu ações contra a empresa.
“A República Federativa da Petrobras, um país independente e em declarado estado de guerra em relação ao Brasil e ao povo brasileiro, parece ter anunciado o bombardeio de um novo aumento nos combustíveis”, disse Lira.
Em seguida, o presidente da Câmara acrescentou: “Enquanto tentamos aliviar o drama dos mais vulneráveis nessa crise mundial sem precedentes, a estatal brasileira, que possui função social, age como amiga dos lucros bilionários e inimiga do Brasil“.
Lira afirma que discutirá política de preços da Petrobras
Além disso, o presidente da Câmara dos Deputados afirmou que vai convocar “uma reunião de líderes para discutir a política de preços da Petrobras”. Essa convocação ocorrerá na segunda-feira (20), segundo Lira, que disse que a estatal “pertence ao Brasil e não à diretoria da Petrobras”.
A saber, a política de preços da empresa, adotada no governo de Michel Temer, em 2016, segue a paridade com os preços internacionais. Isso quer dizer que a Petrobras reajusta os preços dos combustíveis de acordo com o exterior.
Em outras palavras, as variações dos preços do barril de petróleo e as oscilações do dólar pressionam a empresa a reajustar os preços dos combustíveis. E tanto o petróleo quanto o dólar vêm registrando altas nas últimas semanas.
Por fim, a diretoria da Petrobras também afirmou que o reajuste dos preços reduzirá o risco de desabastecimento do combustível no país.
Em suma, a estatal desestimula outras empresas a importar o óleo diesel porque vende o combustível a preço inferior ao internacional. Assim, as empresas importadoras também precisariam vender mais barato para conseguir competir com a Petrobras, mas isso geraria prejuízo.
Então, muitas estão deixando de importar diesel. O problema é que o combustível vindo do exterior representa de 25% a 30% do que é consumido no país, ou seja, seu desabastecimento poderá afetar toda a economia brasileira.
Leia também: Pandemia reduz uso do transporte público pela população