Em declarações prestadas à imprensa, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que uma possível prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro seria “burrice” porque o movimento, além de aumentar sua força política no país, iria transformá-lo em uma espécie de “mártir” da extrema-direita.
Contudo, ao ser questionado sobre a possibilidade de prisão do pai, Flávio afirma: “Não temos medo de nada. Ele não cometeu nenhuma ilegalidade, nenhum crime”. Além disso, o senador afirma que quaisquer medidas para prender ou tornar Bolsonaro inelegível dariam à sociedade a impressão de que as ações foram tomadas apenas para afastá-lo de uma possível candidatura em 2026 à presidência da República.
Flávio Bolsonaro lança indireta para Alexandre de Moraes
O senador argumentou que o temor dos aliados é porque alguém está criando censura no país, sem citar nomes. A afirmação soou como uma indireta ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
“Muitos parlamentares têm medo de subir na tribuna e defender o que acreditam pela reação de algumas autoridades do Judiciário de censurar, punir. Isso não é um Estado democrático de direito. Alguma coisa não está normal. Fico impressionado que algumas pessoas acham que vivemos um momento de democracia plena”, avalia o senador.
“Esse contexto gera a narrativa de que Bolsonaro pode ser preso ou se tornar inelegível. Não vai, a não ser que seja a vontade de alguém que tem tinta na caneta para fazer na mão grande, na ilegalidade”, destaca. “As consequências disso, só Deus sabe”, complementou.
Força política de Jair Bolsonaro
Flávio Bolsonaro argumentou que o poder político de Jair Bolsonaro cresceria na prisão, porque acredita-se que ele estaria na prisão apenas para impedi-lo de vencer a eleição.
“A população perceberia que estão tirando a chance de alguém com muita possibilidade de ser o próximo presidente porque algumas pessoas não querem. Que país é esse que algumas pessoas se acham no direito de decidir pelo eleitor? […] Esse tipo de coisa se resolve nas urnas. Inelegível, ele será o maior cabo eleitoral do Brasil”.
Contudo, a declaração remonta o que Lula viveu em 2018, quando foi apontado como favorito na disputa, mas preso em um processo que foi posteriormente arquivado. Apesar disso, Flávio descarta a comparação.
“Eu acho que ele cometeu vários atos de corrupção. […] Eu acho que houve um problema processual da vara de Curitiba, que veio à tona por um vazamento ilegal de informações. Mas a vontade de trazer Lula de volta à cena política era tão grande que uma coisa que nunca foi admitida no Direito, usar provas ilícitas para condenar ou absolver alguém, foi usada e ele voltou à cena do crime, nas palavras do Geraldo Alckmin”.
Em suma, analistas políticos apontam que as falas de Flávio Bolsonaro visam proteger seu pai de possíveis consequências jurídicas e políticas por crimes supostamente cometidos em seu governo.