Três prefeitos voltaram a afirmar que um pastor cobrava propina para a liberação de verba do Ministério da Educação (MEC). A declaração ocorreu durante uma audiência no Senado, onde esses gestores disseram que ouviram pedidos de vantagens ilícitas por meio de dinheiro, ouro e até por compra de bíblias.
De acordo com esses prefeitos, essas cobranças eram feitas pelo pastor Arilton Moura, que além das solicitações, também ajudava a viabilizar reuniões no Ministério com o até então chefe da pasta, Milton Ribeiro, e com o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte.
Além de Arilton Moura, outro pastor foi citado: Gilmar Santos. Assim como o primeiro, esse também tinha, de acordo com esses prefeitos, trânsito livre no Ministério da Educação durante a gestão de Milton Ribeiro.
Audiência no Senado
De acordo com o Senado Federal, a audiência, realizada nesta quarta-feira (06), foi organizada pela Comissão de Educação da Casa. Na ocasião, os pastores foram convocados para explicar as denúncias sobre os supostos pedidos de propina e a atuação desses pastores na pasta.
Durante a audiência, os prefeitos relataram que as cobranças eram feitas em troca da liberação de verbas para a construção de escolas e creches. Segundo os gestores, como os pedidos não foram atendidos, as verbas acabaram não sendo liberadas
‘Gabinete paralelo’ no MEC
Assim como vem publicando o Brasil123, a crise no MEC aconteceu após uma matéria do jornal “O Estado de S.Paulo” ter divulgado a existência de um suposto “gabinete paralelo” no MEC.
Nesse grupo, segundo os prefeitos que denunciaram o caso, estavam os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, que tinham trânsito livre e influência sobre a destinação de verbas da pasta, mesmo sem fazer parte oficialmente do ministério.
Um tempo depois, uma matéria da “Folha de S.Paulo” trouxe à tona um áudio em que Milton Ribeiro afirmava que os pastores tinham essa influência por conta de uma ordem do presidente da república, Jair Bolsonaro (PL).
Desde então, ele, Milton Ribeiro, tem negado qualquer irregularidade na pasta. Apesar disso, ele acabou deixando o ministério após pressões externas e até internas vindas de aliados de Bolsonaro.